Saiu o primeiro resultado de pesquisa na minha cidade, e o meu candidato está em último lugar com 1% de intenções de voto. Foram pesquisados 100 eleitores, a significar que o meu candidato já tem 1 voto. Como não fui pesquisado, já são dois votos. Se o candidato votar nele próprio, já serão três votos. As possibilidades aumentam...
Gosto de votar em quem não tem chances de vencer, isso me alivia e não serei amanhã acusado de coadjuvante das mazelas praticadas pelo candidato eleito, se nele não votei. Até hoje minha mulher me acusa de ter votado no Collor, transferindo todos os problemas ocorridos aos meus humildes ombros, grande e único responsável pela vitória do rapaz. Ironia maior é que eu não votei no Collor, não sei o motivo de tal invenção, votei no Gilberto Freire... Não!! O nome dele era Roberto Freire, se eu não estiver enganado.
Em resposta, replico maldosamente que ela votou no Maluf. Minha mulher dá um sorriso de desdém e responde: “Ora, o Maluf não ganhou...”. Perceberam a malícia da história? Se o seu candidato não vencer, fique tranquilo, você nunca será acusado de conivente em nada.
Não estou dizendo com isso a favor do voto debochado, votar em cacareco, macaco Tião e outros tipos mais curiosos e extravagantes que surgem por aí. Estou dizendo que o melhor voto é o inconsciente, votar no melhor segundo a sua inconsciência. Votar conscientemente tem sempre uma conotação de interesse próprio, de alguma vantagem pessoal a obter com a eleição dele.
Cabe uma explicação. Quando o voto é consciente a intenção é conseguir algo em troca: “minha rua vai ser asfaltada”; “esse cara é meu amigo”; “vou ganhar bolsa família”; “vou conseguir um emprego para o meu filho”; “vai diminuir o meu IPTU”; “vou ter passagem grátis”. Consciência é a nossa defesa, a defender os nossos interesses particulares, e não o bem-estar geral.
Para fingir conhecimento intelectual: voto consciente é uti singuli; voto inconsciente é uti universi. Nada melhor que o latim para explicar conceitos.
O voto inconsciente é o melhor. Escolho o candidato por suas aptidões e virtudes, e pronto! É nele que vou votar e está decidido! Foi assim que, naquela época, votei em Gilberto Freire... Não! Roberto Freire... Ou era Ricardo Freire...
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