O Jornal Valor publicou
(18/12/2015) trechos das mensagens eletrônicas trocadas entre o Deputado
Eduardo Cunha e Léo Pinheiro, na época presidente da empresa OAS. Os emeios
foram transmitidos em outubro de 2012. Em vista da importância cultural e
literária dos termos das mensagens, vou descrever parte deles:
Léo para Cunha: “O que houve com
o bônus da 574?” (explicação: o missivista está se referindo à Medida
Provisória 574, cujo objetivo era o de estimular o pagamento dos débitos com o
Pasep. O tal bônus seria a ampliação do parcelamento de dívidas tributárias).
Cunha para Léo: “Nelson Barbosa
radicalmente contra não aceitou de jeito nenhum, ia derrubar a MP. Vamos tentar
com outra mais tempo lá na frente” (explicação, se necessária: o então
secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, não permitiu a
inclusão do ‘bônus’ e ameaçou indeferir a MP).
No mesmo dia, Cunha pergunta a
Léo se na MP 584/2012 havia emendas da OAS e da prefeitura. Léo responde que
estava vendo com ‘Dornelles’ (explicação: a MP 584/2012, do Senado Federal,
tratava das medidas tributárias referentes aos jogos olímpicos de 2016,
estabelecendo uma série de isenções e benefícios às empresas participantes nas
obras. Ninguém sabe quem é ‘Dornelles’, um verdadeiro mistério. Havia um único
‘Dornelles’ no Senado naquela época, o Francisco Dornelles, que teria
apresentado 15 emendas à MP, mas afirmar que a mensagem se referia a ele é pura
especulação).
Alguns dias depois:
Cunha para Léo: “Amigo, nada da
Bahia, os caras tão me apertando feio. Nem do empresário local e nem do
restante” (explicação: por certo, Cunha havia pedido a interferência de Léo
para o pessoal da Bahia despachar um isopor de acarajés, de preferência lá do
Rio Vermelho, um dos melhores que existem. Quando diz que os “caras tão me
apertando” deve estar se referindo à esposa e outros familiares que adoram
acarajé).
Léo para Cunha: “A parte da Bahia
já foi sinalizada que está tudo bem. Entendi que essa era a nossa parte, abs.”
(explicação: Léo já transmitira o recado para o pessoal da Bahia, e nada mais
podia fazer. A propósito, ‘abs’ significa ‘abraços’).
Cunha para Léo: “Amigo, eram duas
partes: a do empresariado local e o que você se responsabilizou. Nenhuma das
duas aconteceu, absolutamente nada. Infelizmente” (explicação: ou seja, até
aquele momento nenhum acarajé fora despachado, infelizmente).
Como se vê, deixaram o homem sem
os acarajés, pelo menos até aquele momento. E, convenhamos, promessa é dívida! Habemus acarajés!
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