segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Histórias de vice-presidentes


Essa conversa de impeachment nos leva ao caminho de outra questão: e o vice, seria ele um bom presidente? Vamos relembrar aqui a posse de um vice-presidente que marcou negativamente a humanidade.

O Presidente Franklin Delano Roosevelt foi o único que conseguiu vencer quatro mandatos nos Estados Unidos. Foi Presidente a partir de março de 1933 até 12 de abril de 1945, data em que faleceu. Ele assumiu o governo em meio à crise da depressão, enfrentou as elites ultraconservadoras que pregavam, inclusive, a superioridade da raça branca e suportou as mazelas da Segunda Guerra Mundial. 

Roosevelt tinha ao seu lado um jovem de grande cultura e dotado de extraordinária sensibilidade política: Henry Wallace, frontal adversário dos poderosos banqueiros e industriais que ganharam fortunas com a guerra, enquanto mantinham congelados os salários dos trabalhadores. Wallace foi, inicialmente, Secretário do Comércio e, depois, vice-presidente no terceiro mandato de Roosevelt. Antirracista aos cabelos, alguns de seus discursos foram parafraseados tempos depois pelo Pastor Martin Luther King. Foi de Wallace a frase: “O futuro deve trazer salários iguais para trabalhos iguais, independentemente de sexo ou raça”. Dizer isso naquela época era, realmente, revolucionário.

Na convenção para escolha do candidato a vice-presidente para o quarto mandato (Roosevelt já estava escolhido para Presidente), a indicação de Wallace era considerada absolutamente certa. Porém, articulações dos grupos conservadores e corruptos que detestavam Wallace, conseguiram indicar em terceira votação um apagado Senador, chamado na época de “Office boy do Senado”. Um cara chamado Harry Truman, do Missouri. Truman era uma besta quadrada, se caísse de quatro não levantava mais. O único negócio que fizera na vida foi uma loja de armarinhos. E faliu! E justamente por ser totalmente desqualificado, não tinha inimigos. Vocês sabem: Ninguém dá atenção aos idiotas, essa é uma regra na vida dos negócios. A escolha de Truman foi uma das mais escandalosas artimanhas dos bastidores políticos norte-americanos. A ideia não era escolher Truman, pois qualquer um serviria. O objetivo era derrubar Wallace.

Nem três meses depois, Truman assumiu o poder, com a morte de Roosevelt. Fora vice-presidente por apenas 82 dias e conversara com Roosevelt apenas duas vezes. Não tinha a menor ideia que havia um programa secreto em andamento, para construir a mais poderosa arma da História: a bomba atômica. E não sabia que Roosevelt vinha costurando cuidadosamente um acordo com Stalin, para que a União Soviética atacasse Japão através da China e Coréia, e pegar o império japonês pelas costas. Em troca, daria aval às pretensões dos soviéticos de assumirem o controle político da Polônia, território vital para a segurança da Rússia.

Sem nada saber, e ouvindo conselhos de senadores mal intencionados, principalmente de um tal Jimmy Byrnes, que fora Senador junto com Truman, o novo presidente optou por lançar a bomba atômica, que ainda estava em testes, “explosivo que poderá nos colocar numa posição de ditar nossas próprias condições no fim da guerra”, disse Byrnes ao assustado novo presidente.

E uma das maiores tragédias da humanidade aconteceu. Mais ou menos, 250 mil pessoas morreram nos dias das explosões. Milhares vieram a morrer depois, vítimas de queimaduras e efeitos radioativos. Um horror que poderia ter sido evitado. A propósito, com acordo ou sem acordo, a União Soviética passou a controlar o governo polonês. 



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