sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

O roubo do carro

O sujeito teve o seu carro roubado quando estacionava em rua movimentada, para dar um pulo no Banco e sacar um dinheirinho. Dois caras armados arrancaram a chave do carro de sua mão e saíram voados e pneus cantando. Ele ficou com cara de pateta olhando o nada.

Resolveu, então, dar parte da ocorrência na polícia. A delegacia não era próxima e ele, nervoso, pegou um táxi. Quando o táxi parou num semáforo, encosta ao lado o seu próprio carro, mas agora dirigido por um dos ladrões. Abaixam o vidro e apontam as armas, mandando motorista e passageiro (que era ele) passarem as carteiras de dinheiro. Tudo muito rápido e os ladrões nem percebem que era ele o dono do carro. Abre o sinal e o carro dos ladrões sai voado e pneus cantando.

O motorista do táxi desiste da viagem e diz ao passageiro para saltar, pois teria de ir primeiro à delegacia dar parte do assalto. O passageiro lembra que o destino da viagem era exatamente a delegacia e os dois podiam ir juntos. O motorista concorda, mas diz ao passageiro que precisa primeiro dar uma parada num bar e beber um copo d’água para acalmá-lo.

Assim, seguem adiante até encontrar um tipo de lanchonete. Estacionam o carro e entram no estabelecimento, cada um pedindo uma garrafa de água mineral. Estavam quase terminando de beber a água, quando o carro do sujeito dá uma parada brusca em frente da lanchonete, quase batendo no táxi, e os dois ladrões invadem o recinto, gritando “Todos no chão! Isso é um assalto!”. Os ladrões, por certo viciados em filmes americanos, fazem aquela algazarra, mandando todo mundo deitar no chão e pegando celular e dinheiro dos fregueses e retirando tudo do caixa da lanchonete.

Muito rápidos, pegam tudo e retornam ao carro que sai voado e pneus cantando. Havia seis pessoas na lanchonete, mais eles dois e mais o casal de coreanos, donos da casa. Todos inconformados e cara de pateta, como todos os assaltados ficam.

Resolvem ir à delegacia e dar parte da ocorrência. O motorista do táxi se recusa a dirigir porque estava tremendo de nervoso. Vão todos para o ponto do ônibus e pegam o coletivo que passava em frente da delegacia. O ônibus segue viagem, mas, de repente, é fechado pelo carro do sujeito e os dois ladrões invadem o ônibus aos gritos “Isso é um assalto! Esvaziem os bolsos e ponham tudo nessa sacola!”. Não há dúvida de que os ladrões eram doidos por filmes americanos. Todo mundo joga os seus pertences na sacola dos marginais que levam tudo, entram no carro que sai voado e pneus cantando.

Agora, são uns trinta os assaltados, e todos seguem no ônibus a caminho da delegacia. Lá chegando, o motorista do ônibus diz ao policial que anotou a placa do carro. A autoridade verifica no computador e descobre que o dono do carro estava ali, pois acabara de identificar-se no boletim de ocorrência. “Que pilantra!”, pensou o policial. “Juntou-se aos assaltados para disfarçar”. O sujeito recebeu ordem de prisão e foi encaminhado ao xadrez, mas, antes, levou socos e pontapés da turba enfurecida. Até do motorista do táxi, ainda muito nervoso. 

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