- Bem, então o senhor estava
dizendo que chegou em casa...
- Pois é! Cheguei de viagem e
quando entrei no quarto senti cheiro de homem.
- Cheiro de homem?
- Isso! Homem tem cheiro
inconfundível! Aí, perguntei a ela: “Quem esteve aqui?”
- E ela...
- Ora, ela respondeu que ninguém
tinha estado lá, o senhor sabe, são todas falsas!
- E o que senhor fez?
- Gritei com ela! Disse que ela
era uma puta rampeira, sem vergonha, coisas do tipo.
- E o que ela fez?
- Começou a chorar e me agrediu!
- Agrediu como?
- Jogou um travesseiro na minha
cara. Eu podia até ficar cego!
- E o que o senhor fez?
- Ora, tive que reagir! Dei-lhe
um tapa no meio da cara.
- E ela?
- Ela caiu do lado da cama, mas
segurando um lençol. A intenção dela era jogar o lençol em cima de mim!
- E aí?
- Aí é que, para me defender,
dei-lhe um pontapé no meio dos cornos.
- E ela?
- Ela ficou caída lá no chão e
começou a me chamar de filho da puta. Ofensa moral, doutor!
- E o que o senhor fez?
- Para defender a honra da minha
mãe, dei-lhe vários chutes, pegassem onde pegassem.
- E ela?
- Aí ela parou de xingar e ficou
lá deitada, chorando baixinho.
- Foi isso, então, que aconteceu?
- Exatamente isso, doutor! Como o
senhor vê, eu apenas me defendi!
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