O Subsecretário de Fiscalização
da Receita Federal, Iágaro Jung Martins, deu entrevista ao Jornalista Fábio
Pupo do Jornal Valor, ao qual declarou que a queda nas atividades de
fiscalização da Receita Federal foi em parte provocada pela desmotivação do quadro.
A falta de motivação é resultante da insatisfação geral com as propostas de
reajuste salarial feitas pelo governo federal, incluindo as propostas
incipientes para valorização da carreira.
E o Subsecretário arrematou: “Só
conseguimos isso (melhorar a arrecadação) quando temos um auditor com brilho nos olhos na fiscalização (...).
Queremos que se resolva rápido (a negociação), para o auditor colocar a faca nos dentes de novo”.
Brilhante!! O Sr. Iágaro Jung
Martins conseguiu resumir em duas expressões o verdadeiro sentimento de um
Auditor motivado: Brilho nos olhos! Aquele brilho que percebemos nos olhos de
certos Fiscais Auditores quando realizamos palestras ou reuniões com eles.
Aquela vontade de fazer a coisa certa! De buscar a verdade, apesar de todos os
obstáculos criados pelos contribuintes; pela legislação burocrática e
deficiente; pela absurda falta de informações cadastrais; e pela pressão
interna de certas autoridades contrárias ao legítimo exercício da fiscalização.
E mesmo assim, o Auditor parece sugar as nossas dicas e sempre a querer mais,
tudo com o propósito de exercer com dignidade o seu ofício.
Faca nos dentes! A expressão
simboliza a garra, a disposição de enfrentar todas as adversidades com o
intuito de manter a sua consciência tranquila, de fazer justiça aos
contribuintes que cumprem com os seus deveres, pois a fiscalização não pune os
corretos, mas, sim, àqueles que tentam ludibriar e zombam dos bons pagadores.
Fiscalizar é um ato de justiça não só perante o órgão estatal como,
principalmente, perante os que agem corretamente. Faca nos dentes a enfrentar
os inimigos da maioria da população que paga os seus tributos e anseia por
melhores serviços públicos.
Parabéns, Sr. Martins. O senhor
conseguiu sintetizar o âmago da questão. Auditor tem que ser respeitado pelas
autoridades políticas, tem que receber um salário condigno e gozar de uma
independência no seu trabalho. Tem que participar na elaboração das legislações
fiscais, aprovar ou desaprovar a implantação de sistemas informatizados, ter
direito de indicar os colegas para cargos de chefia, de defender em processos
administrativos os seus lançamentos tributários, de receber prêmios em razão de
sua produtividade, de ter o órgão precedência na distribuição de verbas
orçamentárias (a fim de evitar o esvaziamento de recursos para o exercício da
função).
Aos Fiscais de Carreira: Uni-vos!
Mas com brilho nos olhos e faca nos dentes!
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