domingo, 21 de fevereiro de 2016

Fiscalização: “brilho nos olhos” e “faca nos dentes”

O Subsecretário de Fiscalização da Receita Federal, Iágaro Jung Martins, deu entrevista ao Jornalista Fábio Pupo do Jornal Valor, ao qual declarou que a queda nas atividades de fiscalização da Receita Federal foi em parte provocada pela desmotivação do quadro. A falta de motivação é resultante da insatisfação geral com as propostas de reajuste salarial feitas pelo governo federal, incluindo as propostas incipientes para valorização da carreira.

E o Subsecretário arrematou: “Só conseguimos isso (melhorar a arrecadação) quando temos um auditor com brilho nos olhos na fiscalização (...). Queremos que se resolva rápido (a negociação), para o auditor colocar a faca nos dentes de novo”.

Brilhante!! O Sr. Iágaro Jung Martins conseguiu resumir em duas expressões o verdadeiro sentimento de um Auditor motivado: Brilho nos olhos! Aquele brilho que percebemos nos olhos de certos Fiscais Auditores quando realizamos palestras ou reuniões com eles. Aquela vontade de fazer a coisa certa! De buscar a verdade, apesar de todos os obstáculos criados pelos contribuintes; pela legislação burocrática e deficiente; pela absurda falta de informações cadastrais; e pela pressão interna de certas autoridades contrárias ao legítimo exercício da fiscalização. E mesmo assim, o Auditor parece sugar as nossas dicas e sempre a querer mais, tudo com o propósito de exercer com dignidade o seu ofício.

Faca nos dentes! A expressão simboliza a garra, a disposição de enfrentar todas as adversidades com o intuito de manter a sua consciência tranquila, de fazer justiça aos contribuintes que cumprem com os seus deveres, pois a fiscalização não pune os corretos, mas, sim, àqueles que tentam ludibriar e zombam dos bons pagadores. Fiscalizar é um ato de justiça não só perante o órgão estatal como, principalmente, perante os que agem corretamente. Faca nos dentes a enfrentar os inimigos da maioria da população que paga os seus tributos e anseia por melhores serviços públicos.

Parabéns, Sr. Martins. O senhor conseguiu sintetizar o âmago da questão. Auditor tem que ser respeitado pelas autoridades políticas, tem que receber um salário condigno e gozar de uma independência no seu trabalho. Tem que participar na elaboração das legislações fiscais, aprovar ou desaprovar a implantação de sistemas informatizados, ter direito de indicar os colegas para cargos de chefia, de defender em processos administrativos os seus lançamentos tributários, de receber prêmios em razão de sua produtividade, de ter o órgão precedência na distribuição de verbas orçamentárias (a fim de evitar o esvaziamento de recursos para o exercício da função).

Aos Fiscais de Carreira: Uni-vos! Mas com brilho nos olhos e faca nos dentes!

Nenhum comentário:

Postar um comentário