Quem emeia assiduamente, quem webeia diariamente e quem blogueia constantemente é alvo ou vítima de emboscadas. Os piratas internautas vasculham o espaço e detectam em seus radares eletrônicos as suas inocentes viagens ao éter, enviando, de imediato, suas virulentas ordens de ataque. Somos o chapeuzinho vermelho passeando no bosque dos lobos famintos, todos à espreita para nos abocanhar.
E preparam armadilhas extraordinariamente criativas, os piratas atuais são inteligentes e astutos, não mais aqueles românticos pernetas com papagaio no ombro. Aliás, a perna de pau de hoje é um cavalo de tróia a carregar na barriga os vírus do ataque. “Clique aqui para entrar”; você clicou você se ferrou.
A novidade da tal “nota fiscal eletrônica” é uma das iscas atualmente utilizadas pela pirataria hackeriana. Quando você compra uma mercadoria, a mocinha do caixa informa: “a nota fiscal será enviada por e-mail”. Em tempos idos, a nota fiscal era imediata, a comprovar a operação efetuada, mas agora, não. Você recebe (quando recebe) um recibinho fajuto e prometem a nota fiscal, a ser entregue posteriormente pela internet. A maioria não chega, é evidente, sofisticou-se a sonegação, e nós ficamos sem o comprovante fiscal da compra ou da prestação do serviço. E aquele recibinho (quando existe) parece que é escrito com tinta mágica: vai esmaecendo, esmaecendo, até transformar-se em papel em branco, tal qual extrato bancário.
Essa técnica de burlar o fisco, ou melhor, me desculpem, essa técnica aprovada e recomendada pelo fisco vem sendo usada pela pirataria eletrônica. Recebemos todos os dias um e-mail dizendo: “Segue nota fiscal eletrônica da compra efetuada nesta empresa (ou “do serviço tomado nesta empresa”)” E abaixo, um lugar para clicar. Se clicar, ferrou. O seu computador é invadido e o chupa-cabra virótico chupa todos os seus dados cadastrais.
O pior é a dúvida momentânea que nos invade: será que comprei mesmo alguma coisa nessa empresa? Mas, que empresa é esta se não consta na mensagem a sua identificação? Por precaução, deletamos tudo, a ficar, porém, aquela pontinha de dúvida sobre a veracidade do comunicado.
Um amigo estrangeiro me disse que está difícil comprovar suas despesas quando vem ao Brasil. Já pediu à empresa que troque o sistema de reembolso por uma diária fixa, porque não consegue mais reunir os comprovantes. Naquela maneira peculiar de dizer as coisas, ele me disse que o Brasil está “um esculhambation”. Do hotel ao restaurante, a nota fiscal é uma quimera, uma promessa de político, que nunca se concretiza.
E pior ainda: como você tem que dar o seu endereço digital, os danados vendem o cadastro para essas firmas de propaganda eletrônica. Todos os dias, você recebe as propagandas mais inusitadas possíveis. Foi difícil explicar à minha mulher o porquê de me enviarem propaganda de “massagistas especiais”, com diversas fotos realmente interessantes. Cá entre nós, esta mensagem não deletei, ando sentindo uma dorzinha nas costas...
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