O relatório “Doing
Business 2017” do Banco Mundial classificou o Brasil na 123ª posição entre os
países que oferecem mais facilidades na abertura de um negócio. O Brasil está
entre os lanternas e se fosse futebol diríamos que é quase certa a sua queda
para a terceira divisão, pois já está disputando a segunda. Perde para o México
(47ª), Colômbia (53ª), Peru (54ª), Chile (57ª), Uruguai (90ª) etc. etc.
A média de
tempo para abrir uma empresa no Brasil é de 79,5 dias! Assim diz o relatório,
mas não explica em que cidade brasileira foi feita a pesquisa, porque em certas
cidades o tempo de formalização ultrapassa 100 dias.
Considera-se
no tempo gasto: o registro do contrato (Junta ou Cartório); CNPJ (Receita
Federal); inscrição estadual (quando obrigatória) e inscrição municipal. O
registro na Junta ou no Cartório não leva grande tempo, a não ser quando
ocorrem divergências ou incorreções. O CNPJ é concedido, geralmente, sem
maiores delongas. A inscrição estadual é rápida na maioria dos Estados.
Problema maior está nos Municípios (e no Corpo de Bombeiros, quando exigido).
Muitas cidades
brasileiras exigem um amontoado de alvarás de funcionamento: Fazenda, Posturas,
Vigilância Sanitária, Meio Ambiente, todos querem liberar alvará. Aliás, todos
querem cobrar taxa, essa a intenção maior. Chegam a chamar “Taxa do Alvará”. Na
tentativa de justificar a cobrança da taxa, todos os setores querem fazer
vistoria no estabelecimento, não importa a atividade da nova empresa.
Enquanto isso,
na Nova Zelândia abre-se uma empresa em um dia. Nos Estados Unidos, de 5 a 6
dias (e a população já está reclamando da demora!). Por que tanta diferença? O
Banco Mundial diz que é a “burocracia do trâmite”, além da complexidade do
nosso sistema tributário.
A nossa
burocracia é de arrepiar! Por isso, contratam-se despachantes e contadores só
para fazer andar a papelada. A empresa nem iniciou suas atividades e já sofre
com gastos absurdos, pois, além dos honorários dos profissionais, uma carreata
de taxas se apresenta ao pronto pagamento.
Faz-se a
pergunta: será que as autoridades de Nova Zelândia são tão irresponsáveis em
liberar uma empresa quase imediatamente? E de outros países, como Cingapura,
Dinamarca, Coréia do Sul, Noruega, Reino Unido e outros que são rápidos na
liberação? A resposta é que esses países acreditam naquilo que chamamos de “assunção
de responsabilidade”, no significado de “assumir responsabilidade”. Aceitam o termo
de responsabilidade do titular da empresa de que cumprirá as exigências
indicadas na legislação, relativas à segurança, higiene, sanitária, meio
ambiente etc. E a lei é dura: caso descumpram suas responsabilidades assumidas,
as sanções são severas, até penais a depender da situação.
Mas, no
Brasil, a regra é sempre desconfiar de todos. Ninguém merece respeito e de ser
tratado com dignidade. São todos bandidos à vista das autoridades. Exceto, é
claro, os amigos e familiares, cujos pleitos são tratados com celeridade e
urgência.
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