Astrogildo Salatiel foi nomeado
pelo prefeito para instituir um setor de oferta gratuita da “Cesta Almoço” às
donas de casa de humildes condições financeiras. A entrega seria mensal, para
as mulheres cadastradas, contendo dois quilos de feijão, um quilo de arroz, um
pacote de macarrão, dois quilos de charque, dois quilos de batata, além de
óleo, farinha, sal e tempero.
O prefeito abriu uma verba
orçamentária de R$ 1 milhão, para iniciar o programa.
Astrogildo Salatiel deu início
aos trabalhos com a contratação de cinco pessoas, função gratificada, com o
objetivo de efetuar o cadastramento. Teve de alugar uma casa para atender às
mulheres interessadas. Teve de comprar mobiliário, inclusive um computador.
Percebeu a necessidade de contratar um sistema para controle. E contratou uma
secretária.
Havia, também, o problema
logístico. Teve de alugar um galpão para armazenar os produtos. E teve de abrir
licitações para comprá-los. Contratou assessoria jurídica para formalizar os
contratos, responder as impugnações contra os resultados dos certames e outras
questões judiciais.
Outro problema a resolver era a
forma de entregar as mercadorias. Alugou dois caminhões, duas camionetes e (por
que não?) um carro para o seu uso. Motoristas e ajudantes foram contratados.
O Setor transformou-se em Seção.
De Seção passou a Departamento.
A verba estava comprometida com
as despesas correntes. O dinheiro era insuficiente para o fornecimento da “Cesta
Almoço”. Explicou ao prefeito e pediu mais verba. O prefeito conseguiu.
Mas o novo dinheiro era curto e
deixou Astrogildo Salatiel num dilema: reduzia o número de beneficiárias ou
cortava o conteúdo da cesta. A ordem do prefeito era de atender o máximo de
pessoas. Resolveu, então, cortar produtos: saiu fora o macarrão e o óleo,
reduziu a quantidade do feijão e do charque, e cortou o sal e o tempero.
Mesmo assim, houve a necessidade
de contratar mais gente para o trabalho. Nomeou mais cinco funções
gratificadas. A casa ficou pequena e teve de alugar outra maior. Foi obrigado,
assim, a cortar o número de beneficiados.
Os vereadores, que cadastravam as
mulheres no programa, protestaram contra a redução. Houve passeata nas ruas da
cidade e protesto na frente da prefeitura. O prefeito deu mais verba, porém, já
comprometida com as ampliações da estrutura departamental.
E diante da crise, o Departamento
da “Cesta Almoço” passou a entregar um quilo de feijão por semestre. E nada
mais. O Departamento transformou-se em Secretaria de Assistência Alimentar. E o
Secretário Astrogildo Salatiel continua pleiteando mais verbas. Está de olho
num financiamento do Ministério das Cidades. E, quem sabe, um projeto no BID –
Banco Interamericano de Desenvolvimento.
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