Vamos ver se a gente consegue
acabar, ou pelo menos diminuir, o preconceito contra a cachaça. Quando eu digo,
com a maior tranquilidade possível, que sou um cachaceiro renitente, diversas
pessoas se afastam escandalizadas e as mães zelosas retiram as crianças da
minha presença. No entanto, se eu dissesse que aprecio, por exemplo, uísque,
essas pessoas dariam um risinho de cumplicidade e algumas diriam polidamente:
“eu também”.
Pois saibam que o teor alcoólico
de uma cachaça boa, geralmente artesanal, é de 38%. Temos, sim, cachaças que
atingem 45%, até mais, mas não são recomendáveis; são péssimos produtos que
deveriam ser proibidos. Por sua vez, o uísque gira em torno de 38% a 54%, sem
esquecer algumas marcas que atingem 64% de teor alcoólico!
A bebida alcoólica mais leve é a
cerveja, na base média de 4,5%. Todavia, costuma-se beber muito mais quantidade
de cerveja do que de cachaça. Enquanto o cachaceiro bebe, vamos supor, um
copinho certo (60 ml) de cachaça, um bebedor de cerveja consome um copo (370
ml) de cerveja. Quem está consumindo mais álcool?
O vinho é uma bebida suave cujo
teor alcoólico varia entre 10% a 15%. Os chamados vinho forte (Porto, Xerez,
Madeira) alcançam uns 20%. Gosto de vinho, mas não deixo garrafa pela metade, o
costume é bebê-la toda, o que não ocorre com a cachaça.
A vodka, muito apreciada entre a
meninada é um verdadeiro foguete. Pode atingir 50% de teor alcoólico, e algumas
marcas, como a Balkan, chegam a 88% e às vezes mais. Os rins não conseguem
filtrar a bebida no tempo devido e sobra para o fígado, cuja função não é essa.
Resultado: ressaca brava!
A tequila mexicana, extraída do
agave azul lá do deserto de Jalisco, não é tão forte. O seu teor alcoólico
varia de 35% a 40%. O problema são as falsificações que vendem no Brasil.
Vendem por aqui coisas que chamam de tequila que atingem 50% a 55% de teor
alcoólico. Veneno puro.
O saquê japonês e o soju coreano,
bebidas feitas da fermentação do arroz, são bebidas bem leves. Em geral, os
asiáticos não gostam de bebida forte. O teor alcoólico do saquê atinge 16% e do
soju, uns 20%. São, realmente, mais suaves do que a cachaça, mas imagine eu
oferecendo saquê aqui em casa para os bebedores. Vou perder todos os meus
amigos.
E para terminar, algumas bebidas
especiais e seus teores. A grappa italiana e a bagaceira portuguesa (feitas do
bagaço da uva): paulada de 50% a 60%. O conhaque - se for o legítimo espanhol
ou francês - uns 40%. Se for nacional ou falsificado, uns 60%. E o rum, de boa
origem, varia de 35% a 50%, mas atenção com o Rum Bacardi 151: o seu teor
alcoólico alcança 75,5%. Aos apreciadores de álcool puro uma boa receita: Rum
Bacardi 151 misturado com Vodka Balkan da Bulgária. Mas não acendam cigarro
perto da boca!
Pois é, viva a verdadeira bebida
brasileira! A Cachaça legítima!
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