O cidadão comparece no setor de Atendimento da Prefeitura:
- Profissional autônomo? Pra quê?
- Ora, sei lá, me disseram que é obrigatório...
- O senhor tem loja?
- Não, eu trabalho em casa, no quintal.
- Gozado... Pera aí... O JOÃO!!! A GENTE INSCREVE PROFISSIONAL AUTÔNOMO? O senhor aguarda um pouquinho, o João entende dessas coisas.
(Aparece o João)
- O que foi?
- Este senhor quer se inscrever como profissional autônomo - é aqui mesmo?
- O senhor quer alvará?
- Não! O contador me disse que preciso me inscrever como profissional autônomo.
- O senhor tem loja?
- Eu já disse a essa senhora que não. Eu trabalho em casa...
- Mas pra quê o senhor quer se inscrever como profissional autônomo?
- Oh meu Deus, eu sei lá! O contador me mandou... Disse que eu tenho que pagar ISS!
(A Atendente interfere)
- Ih, já sei! O meu cunhado se inscreveu lá no INSS!
- Não senhora! O INSS eu pago em carnê. O contador disse que eu tenho que pagar também o ISS!
(O João parece que entendeu)
- Ah! Está certo! Mas o senhor tem que tirar também o alvará da loja!
- Mas que loja? Eu não tenho loja!
- Se o senhor não tem loja, como vai prestar serviço?
- Eu já disse! Eu trabalho em casa!
(A Atendente está aflita)
- O que nós vamos fazer, João?
- Pera aí, vou falar com o chefe.
(João se retira)
- O senhor pode aguardar aqui ao lado? Eu preciso continuar atendendo a fila.
(O cidadão aguarda. Vinte minutos depois, volta o João)
- O chefe perguntou se o senhor é estabelecido.
- Estabelecido? O que isso quer dizer?
- Bem, se o senhor for estabelecido vai precisar de alvará.
- Ah, estabelecido é quem tem estabelecimento? Pois não tenho estabelecimento! E agora?
- Pera aí, vou dizer ao chefe que o senhor não é estabelecido.
(João se afasta. Quinze minutos depois, retorna)
- O senhor devia ter dito logo que não era estabelecido. O senhor não precisa de alvará, basta se inscrever.
- E é isso que eu estou dizendo desde o início. Como faço para me inscrever?
- O senhor preenche essa ficha de cadastro, tem caneta? Aqui não tem nenhuma, tinha uma amarrada no barbante, mas cortaram o barbante...
- Pode deixar, eu tenho caneta.
(O cidadão preenche a ficha cadastral e entrega à Atendente)
- Eu vou precisar de cópia da carteira de identidade, CPF, comprovante de residência e cópia do registro de sua profissão no Conselho da categoria.
- Eu tenho tudo aqui, menos esse registro no Conselho. Minha profissão não tem Conselho.
- Não tem Conselho? Ora, toda profissão tem... CRC, OAB, CREIA, tem um monte de Conselhos.
- Minha senhora, eu sou Marceneiro e Marceneiro não tem Conselho.
- Gozado... Pera aí... O JOÃO!!! ELE NÃO TEM CONSELHO!! O senhor aguarda um pouquinho, o João entende dessas coisas.
(Reaparece o João)
- O senhor não tem Conselho de classe?
- Que eu saiba, não. Eu sou Marceneiro, tenho o curso técnico...
- O senhor trouxe cópia do diploma?
- Está aqui.
(João examina o diploma)
- É, acho que está certo. Vou ver qual é o código de Marceneiro aqui na lista de serviços.
(João examina uma longa lista de serviços)
- Gozado, aqui na lista não tem Marceneiro. Pera um pouco, vou falar com o Chefe.
(João se retira)
- O senhor pode aguardar aqui ao lado. Preciso continuar atendendo a fila.
(O cidadão aguarda. Meia hora depois, João retorna)
- Meu amigo, realmente não tem Marceneiro na lista de serviços. O Chefe perguntou se pode inscrevê-lo como Carpinteiro. Carpinteiro tem na lista.
- Mas eu sou Marceneiro, não sou Carpinteiro!
(A Atendente dá uma risadinha)
- Eu pensava que era tudo a mesma coisa.
(O cidadão está irritado)
- Pois não é! São profissões diferentes!
(João resolve)
- Bem, meu amigo, a situação é a seguinte: Carpinteiro paga ISS, Marceneiro é isento. O senhor escolhe.
- Já que sou isento, eu quero uma certidão que ateste a minha isenção.
(A Atendente interfere)
- Ah, isso eu sei! O senhor entra com requerimento no protocolo, pedindo a isenção. Mas não deixa de juntar a cópia do seu alvará.
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