“A
primeira coisa que temos a fazer é matar todos os advogados”
(Henrique
VI, Parte II, ato 4, cena 2, de Shakespeare).
Da década de 50 até a de 70 o
pavor dos governantes norte-americanos era o comunismo ser instaurado na parte
baixa de sua vizinhança. Já bastava o pesadelo de Cuba. E assim, instigados,
providos e corrompidos pela Agência Central de Inteligência – CIA, civis e
militares, todos da direita radical e, como sempre, acompanhados pela rustica populus, deram início aos golpes
militares na América Latina. Paraguai, em 1954; Brasil, em 1964; Argentina, em
1966; Peru, em 1968; Bolívia e Uruguai, em 1971; Chile, em 1973, para citar
alguns.
Terminado o ciclo de pavor ao
comunismo, a política americana passou a estimular o retorno do regime
democrático, isso a partir da década de 80 e já ao finalzinho da década de 70.
O país que mais demorou foi o Chile, somente em 1990.
Democracia instaurada tomou força
o socialismo democrático, em razão, principalmente, do brutal e cruel desnível
social que imperava na região. Mas, em alguns países, os conceitos de
socialismo e populismo se confundiram. Enquanto o socialismo busca diminuir a
distância entre ricos e pobres, através de uma melhor distribuição da riqueza,
o populismo adota práticas políticas de estreitar relações diretas com as
classes mais pobres e oferecer aos líderes políticos a oportunidade de desfrutar
de maior popularidade. O populismo, quando desfalcado do relevante fator
econômico do socialismo, pode desbancar para o lado da demagogia, forma de
agradar o povo e ter condições, assim, de manipulá-lo, mediante promessas vãs e
uma enorme capacidade de saber mentir sem perder o prumo. Na América Latina,
tivemos alguns exemplos do populismo demagógico.
Contudo, o bom socialismo é
aquele que sabe até onde pode ir, sem arruinar as classes mais produtivas e,
consequentemente, mais ricas. E é aquele que sabe, também, estimular o
crescimento da riqueza para oferecer melhores benefícios aos mais pobres. Ou
seja, nada de dividir um pão no meio. A ideia é botar dois pães na mesa. E para
tanto, sabem adotar uma política fiscal e econômica equilibrada e aplicar os
recursos com critérios técnicos e justos no desenvolvimento social e econômico
do país.
No Brasil atual, o programa que
visa reanimar a economia e, consequentemente, a sociedade, foi deixado de lado
e substituído por disputas políticas e policiais. O confronto passou a envolver
o Judiciário, que deveria ficar a parte, como baluarte da defesa da segurança
jurídica. Os poderes se misturam numa confusão dos diabos! O Poder Executivo,
atacado por todos os lados, esquece suas prioridades e gasta todo o seu tempo
em criar blindagens que o mantenha no poder. O Legislativo, um verdadeiro
manicômio, já não é formado de partidos e coligações partidárias, mas de
consórcios de interesses recíprocos, de grupinhos e grupelhos. O Judiciário
atropela suas competências, radicaliza as posições de seus indivíduos, que agora
passam a pentear diariamente os seus cabelos para apresentações na mídia.
Tudo isso só nos leva ao
confronto. E do confronto ao autoritarismo é um pulo. Quem não acredita, basta
estudar História.
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