Cenário: uma
repartição da Polícia Federal.
O Chefe
passava no corredor, em frente da sala do Diretor. Ao vê-lo passar, o Diretor o
chamou.
- Me diga uma
coisa: o Tatuzinho está fazendo o quê?
O Chefe fez um
gesto de desalento.
- Está lá, examinando
aquelas contas de doleiros.
O Diretor
empinou o corpo na cadeira e elevou a voz.
- Ainda? Eu já
não disse para desistir dessa investigação de remessa de dinheiro? Isso não vai
dar em nada!
O Chefe
sentou-se em frente do Diretor.
- Eu sei. Já
perdemos mais de um ano com essa história e só encontramos bobagens, um
dinheirinho pra lá, um dinheirinho pra cá.
O Diretor
bateu a mão com força na mesa.
- Então, por
que Tatuzinho insiste nessa investigação? Ele é o único que ainda investiga
essa droga?
- Ele é o
único! O senhor conhece o Tatuzinho, ele embirra numa coisa e não desiste.
- Pois vai lá
e diz a ele para arquivar tudo! É uma ordem!
O Chefe foi até
a mesa de Tatuzinho. Lá estava ele entretido em examinar uma montoeira de
papéis.
- Tatuzinho! O
Diretor deu ordens pra você parar com essa investigação e arquivar tudo!
Tatuzinho
tirou os óculos e levantou os olhos em direção ao Chefe.
- Está bem, só
que surgiu uma coisa curiosa...
- O que foi?
- Um doleiro
deu um Land Rover zerado de presente para um cara. Não é curioso?
- O cara é
cliente dele?
- Aí que está.
O nome dele não aparece em lugar nenhum.
- O que esse
cara faz?
Tatuzinho
mexeu nos papéis e tirou uma folha.
- Ele é
diretor da Petrobrás.
O Chefe
sentou-se na frente de Tatuzinho.
- E ele recebe
um presentão deste, assim, sem mais sem menos?
Tatuzinho
meneou a cabeça, concordando.
- Pois é. Um
negócio misterioso, não é?
O Chefe pensou
alguns minutos, levantou-se e disse:
- Faz o seguinte:
investiga mais esse cara. Eu te dou mais um mês. Se nada descobrir, encerra
esse assunto!
- E o Diretor?
- Deixa
comigo, eu explico pra ele.
E Tatuzinho
cavou, cavou, cavou, acabou fazendo um buraco enorme, um verdadeiro poço a
jorrar petróleo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário