Tanta confusão, tanta roubalheira, e os pequeninos
acionistas da Petrobrás não sabem se devem desfazer-se de suas ações ou
mantê-las sob o otimismo de dias melhores. A não ser que o aplicador esteja
realmente necessitado, ninguém deve vender ações na baixa. Mas, a pergunta
ansiosa dos acionistas é se a Petrobrás terá dias melhores e renascerá das
cinzas.
Neste aspecto, sempre bom lembrar que a Petrobrás
tem excelentes reservas de óleo e gás, tecnologia de ponta, além de contar com
um ótimo quadro de profissionais, pessoas dignas e sérias que tentam esquecer a
humilhação que estão sofrendo, dedicando-se ao máximo nos seus trabalhos.
Bem, apesar dos rombos em suas contas como está a
saúde da Petrobrás? Vou usar aqui um pouco do meu conhecimento em análise
financeira que vem lá dos velhos tempos que trabalhei no Citibank.
O Balanço do 3º Trimestre de 2014, agora
apresentado, mas ainda sem o abono da empresa de auditoria, apresenta uma
situação tanto preocupante, em minha opinião. Vejam abaixo alguns números na
comparação do Balanço de 2013 com o de 2014 (posição de setembro/14), tudo em
milhões de reais:
Geração Bruta de Fundos:
Lucro Líquido (antes do IR e dividendos) 13.464 (fonte)
Necessidades operacionais de capital de giro –
curto prazo 20.220 (uso)
Necessidades operacionais de capital de giro –
longo prazo 6.739 (uso)
Necessidades líquidas de capital de giro 13.495
Fontes não operacionais de recursos:
De Curto Prazo (7.451) (uso)
De Longo Prazo (excluindo provisões) 13.781 (fonte)
Empréstimos e Financiamentos 63.890 (fonte)
Fonte Bruta de Caixa: 71.049
Usos em Investimentos e Ativo Permanente (excluindo
intangíveis) 45.126 (x)
Geração Operacional e Não Operacional de Fundos: 25.923
(x) Não considerei a depreciação por falta de
informação.
Observa-se a enorme dependência da empresa na
obtenção de fundos externos para manter os seus investimentos e aquisições de
ativo permanente. Aliás, parte do financiamento do capital de giro também é sustentada
por empréstimos. Uma das razões é o valor incipiente do lucro. No resultado de
setembro/2014, o lucro representou 5,33% das vendas, enquanto que em 2012 o
percentual foi de 7,44% e em 2013, 7,54%. Opa! O lucro está caindo e isso não é
bom (menos lucro, menos dividendo).
O patrimônio líquido em setembro registrava o valor
de R$362.240 milhões. Valor impressionante, mas o passivo somava R$438.130
milhões. Mais impressionante ainda. A dizer, então, que o índice “Leverage” atinge
1,20. Ou seja, para cada 1 real próprio, a empresa deve 1,20. Este índice de
endividamento vem crescendo, mansa e perigosamente:
2012 – 1,02; 2013 – 1,15.
A piorar, a empresa declara que 31 dos seus ativos
apresentam valor contábil superior ao valor justo (valor de mercado),
totalizando um montante de perda aparente de R$88,6 bilhões. Todavia, 21 dos
seus ativos registram valores abaixo ao de mercado, totalizando R$27,2 bilhões.
Em resumo, há uma “desvalorização” de R$61,4 bilhões no Imobilizado da empresa.
O que fazer com essa perda? Por enquanto, nada,
pois a contabilidade precisa de documentação formal para lançamento. Contudo,
se o ativo permanente da Petrobrás está superestimado em R$61,4 bilhões, a
contrapartida seria a redução de igual valor no patrimônio líquido, com uma
conta de provisão de perdas ou coisa parecida.
De qualquer forma, se assim fizesse o patrimônio
líquido da Petrobrás seria reduzido para R$300 bilhões, e o Leverage daria um
pulo para 1,46, o que daria indícios de forte descapitalização e maiores
dificuldades de conseguir novos financiamentos externos.
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