domingo, 1 de fevereiro de 2015

O derretimento da Petrobrás

Quando a diretoria da Petrobrás fala em R$88,6 bilhões de valor superestimado de plantas do seu ativo, a informação não sensibiliza o brasileiro comum, pois se trata de um valor tão estratosférico que nós não temos a mínima condição de avaliar a sua grandeza. Para nós, um bilhão, dez bilhões, cinquenta bilhões ou cem bilhões significam a mesma coisa, se não temos nada que simbolize ou que permita uma equiparação. Somos um povo do milhar, ou até do milhão. Mas, bilhão, confesso que não tenho a mínima ideia de como mensurar.

Por isso, resolvi buscar comparativos que permitam entender de que valores estão falando. Procurei balanços de grandes empresas e consegui os seguintes resultados:

Empresas de capital aberto
Valor do Patrimônio Líquido
Cielo S. A. (consolidado)
R$4,309 bilhões (31/12/2014)
Grupo Votorantim (consolidado)
R$5,167 bilhões (31/12/2013)
Companhia Siderúrgica Nacional – CSN
R$8,069 bilhões (31/12/2013)
JBS S.A.
R$23,588 bilhões (Setembro/2014)
Gerdau S. A.
R$30,39 bilhões (31/12/2013)
Ambev S. A.
R$43,624 bilhões (Setembro/2014)
Bradesco
R$79,24 bilhões (Setembro/2014)

Bem, agora melhorou para mensurar o valor de R$88,6 bilhões. Este valor significa que a Petrobrás jogou no lixo um Bradesco e mais uns R$9 bilhões de sobra. Ou então, perdeu o equivalente à JBS (a maior empresa produtora de proteínas do mundo) e Ambev (a maior cervejaria do Brasil), as duas juntas, podendo ainda jogar no lixo ao mesmo tempo a Cielo, a CSN e o Grupo Votorantim.

Outra comparação é a seguinte:
Gastos da União com a Educação no Brasil em 2013: R$91,3 bilhões (segundo o SIAFI);
Gastos da União com a Saúde no Brasil em 2013: R$47,3 bilhões (segundo o Conselho Federal de Medicina).

Ou seja, a perda da Petrobrás foi quase o dobro do que foi gasto em saúde no Brasil, em 2013. E por pouco (ufa!) não atinge os investimentos em Educação.

Outra comparação: o Município de São Paulo, o mais poderoso do Brasil, tem um orçamento global de R$50,6 bilhões. E a Cidade do Rio de Janeiro, a segunda maior, tem orçamento de R$27,1 bilhões. Ou seja, o rombo da Petrobrás supera o somatório das duas principais cidades brasileiras. Com sobras.

Uso aqui esse desagradável vício de linguagem que domina bom número de brasileiros quando termina uma frase: “Entendeu?”. Pois é, não precisa responder. 

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