domingo, 22 de fevereiro de 2015

A Cachaça verdadeira

Áurea Custódio
Sou, sim, um entusiasmado apreciador de cachaça, mas inimigo feroz dessas aguardentes que vendem por aí apelidadas criminosamente com o nome de cachaça. Misturam tudo, todas as alambicadas, metem álcool, água e açúcar, a depender do gosto que querem obter, engarrafa o resultado da mistura e, graças ao eficaz sistema de distribuição, vende em todos os lugares, desde barzinhos de beira da estrada até em restaurantes e hotéis luxuosos. Um crime que o governo complacente permite, a denegrir o nome da bebida brasileira.
O Decreto n. 2.314/97, que regulamenta a padronização e classificação da cachaça e outras bebidas, favorece essas indústrias fabricantes de aguardentes, chamadas por elas de cachaça. Permite, por exemplo, graduação alcoólica de até 54%! Cachaça verdadeira não passa de 44% de graduação alcoólica. Permite, ainda, acrescentar açúcar em até seis gramas por litro. Açúcar já é a matéria prima da cachaça, apurada na medição do brix, e acrescentar mais açúcar falsifica ou estraga a cachaça verdadeira. E temos também o crime desses fabricantes adicionar produtos químicos na produção da cachaça, o que é proibido, mas não cumprido.
Enfim, entristece ver os gringos bebendo essas drogas nos bares dos hotéis, a eles vendidas como se fosse cachaça. E se você pedir uma cachaça verdadeira nesses hotéis de luxo, eles não têm. Oferecem essas porcarias. Deixam os caras com uma tremenda ressaca e falando mal da nossa bebida.
Cachaça verdadeira utiliza somente a alambicada do corpo. A primeira alambicada (chamada de cabeça) e a última (chamada de membros) não são aproveitadas para fazer a bebida. Usam para fabricar álcool ou outra coisa qualquer, mas não entram na composição da cachaça. A graduação e padronização do sabor vem com a adição de água, somente água.
As verdadeiras cachaças são artesanais e, mesmo assim, aquelas cujos fabricantes são realmente rigorosos e cuidadosos na elaboração do produto. Em minha opinião, estão entre as melhores cachaças do Brasil, não necessariamente na ordem apresentada:
Casa Bucco
1 – Áurea Custódio, de Ribeirão das Neves, MG.
Envelhecida 3 anos em tonéis de carvalho. Teor alcoólico de 40%.
2 – Casa Bucco Ouro, de Bento Gonçalves, RS.
Envelhecida 3 anos em tonéis de carvalho e bálsamo. Teor alcoólico de 40%.
3 – Dona Beja, de Araxá, MG.
Temos a Dona Beja Extra Premium, envelhecida em 8 anos em barril de carvalho. Teor alcoólico de 40%
E temos também a Dona Beja Classic, envelhecida em 3 anos em barril de carvalho. Teor alcoólico de 40%.
4 – Sanga Funda, de Içara, SC.
Envelhecida de 2 a 5 anos em tonéis de amburana (ou umburana), carvalho e bálsamo, teor de 38%.
5 – Spézia Ouro, de Luis Alves, SC.
Não sei o tempo de envelhecimento, que é feito em barril de carvalho. Teor alcoólico de 38%.
6 – Taruana, de São João do Nepomuceno, MG.
Envelhecida 2 anos em tonéis de castanheira, teor alcoólico de 40%.
7 – Weber Haus, de Ivoti, RS.
Temos a Weber Haus envelhecida 2 anos em amburana e teor alcoólico de 38%. E temos a extraordinária Weber Haus Extra Premium, envelhecida 12 anos em carvalho e bálsamo. Graduação alcoólica de 38%.


Por motivo de espaço, não estou divulgando outras que mereciam estar aqui. Aliás, importante informar que não sou propagandista dos fabricantes dessas cachaças maravilhosas. E não esqueça: beba com moderação, o que lá isto signifique.

Dona Beja
Spézia
Taruana
Webber Haus









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