O
assessor entra suspirando na sala do chefe.
-
Chefe, não adianta! A contabilidade não bate!
O
chefe olha irritado o assessor.
-
Você fez tudo que eu mandei? Escondeu as propinas? Disfarçou as retiradas dos
sócios? Camuflou despesas? Aumentou as receitas cambiais?
-
Tentei tudo! Não adianta! A empresa continua dando prejuízo!
O
chefe dá um murro na mesa.
-
Não pode!! A empresa tem que dar lucro! Os sócios precisam receber dividendos!
-
Desculpe, chefe, mas não sei mais o que fazer.
O
chefe levantou-se da cadeira e passeou na sala.
-
Faz o seguinte, aumenta a receita!
-
Mas, e a contrapartida? Para aumentar a receita é preciso fechar o lançamento.
-
Quem disse isso?
-
Ora, é a técnica contábil, das partidas dobradas...
-
Quem inventou isso?
-
Ah não sei, chefe. Isso vem desde o tempo do monge Paciolo...
-
Monge Paciolo? Nunca ouvi falar... Trabalhou aqui?
-
Não, chefe! Ele viveu antes do Brasil ser descoberto!
O
chefe gritou feroz.
-
O quê? E nós temos que obedecer ao que este monge maluco disse no tempo da
idade média?
-
Mas é a base da contabilidade... Um crédito corresponde a um débito...
-
De jeito nenhum!! Estamos na época dos computadores! Vamos adotar outro
sistema! Fala com o pessoal da informática! A partir de hoje o nosso sistema
será o da pedalada! Um crédito corresponde a um crédito, um débito corresponde
a outro débito, e assim por diante.
O
assessor ainda tentou convencer o chefe.
-
Chefe, se fizer desse modo, a contabilidade não retratará a realidade da
empresa...
O
chefe deu uma risada.
-
E desde quando a contabilidade retrata a realidade da empresa?
-
Não retrata?
-
Claro que não! Não seja idiota! Ela serve para disfarçar a realidade, não é
isso que estamos discutindo aqui?
-
Mas, então, vamos ficar perdidos...
-
Perdidos? Claro que não! O que retrata a realidade são esses cadernos que
guardo aqui no cofre... Por falar nisso, me traz mais um caderno novo.
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