sexta-feira, 29 de junho de 2012

O antídoto contra a mentira

Lucca D’Epaminondas, considerado o maior gênio de todos os tempos da raça humana, agraciado com o título de Benfeitor da Humanidade pela Organização das Nações Unidas, teve vetada a industrialização e distribuição do seu último invento, o medicamento popularmente denominado de “Antídoto contra a mentira”. A proibição foi determinada pela Organização Mundial de Saúde – OMS, depois de demoradas análises de seus efeitos e contraindicações.

A invenção, recebida inicialmente com entusiásticos elogios da sociedade, passou a sofrer veladas críticas de ilustres acadêmicos até alcançar o repúdio geral das lideranças políticas e empresariais.

A primeira reação contrária ao antídoto foi manifestada durante a entrevista dos dez detentos que serviram de cobaias ao experimento da vacina. As inconveniências de suas respostas, consideradas demasiadamente sinceras às perguntas formuladas por membros da comissão, causaram profundos constrangimentos, chegando ao ponto de um deles questionar a importância da verdade em determinadas situações. Outro membro da comissão saiu da sala aos prantos, ao ser chamado de “bicha enrustido” por um dos detentos, a causar o protesto de todos os presentes, não só pela grosseria quanto à ignomínia preconceituosa da expressão usada.

Ao ser inquirido a respeito, Lucca D’Epaminondas respondeu: “Ao contrário da mentira, a verdade não se adorna de sutilezas”. Um dos membros da comissão reagiu dizendo que preferia a mentira como resposta a viver num mundo mal educado, a receber respostas grosseiras e desrespeitosas.

O primeiro artigo acadêmico publicado contra o antídoto contra a mentira foi de autoria do consagrado psicanalista Sean Pean, especialista em perceber mentiras nos depoimentos de supostos envolvidos em crimes. Afirmou o psicanalista que o homem desprovido da capacidade de mentir assume posição de fraqueza perante os demais, tornando-se submisso às opressões do cotidiano. “A mentira é uma arma de autodefesa e não pode o ser humano viver sem ela”, escreveu o renomado autor.

Causou impacto a matéria publicada pelo prêmio Nobel de medicina, Dr. Rutger Hauer, professor da Universidade Harrison Ford, de Los Angeles. O Dr. Hauer, que é cego, famoso por suas pesquisas no campo sensorial do cérebro e, também, por ter enfrentado e derrotado três bandidos com o uso de sua bengala, comentou o perigo da ausência da mentira nas relações humanas, a restringir o lado artístico das pessoas na criação de suas ficções. O seu artigo intitulou-se “Adeus às Artes” e foi publicado na conceituada revista “Body Human”, dedicada ao estudo das perversões sexuais e de apresentar fotos sensacionais de mulheres nuas.

Com o veto da OMS o Presidente dos Estados Unidos, Jackie Chan, retirou o projeto de lei que encaminhara ao Congresso, instituindo a obrigatoriedade da aplicação do antídoto em todos os suspeitos de crime. “Em vista da proibição, vamos manter apenas o tradicional espancamento e choque elétrico”, disse o Presidente.

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