domingo, 10 de junho de 2012

Estratégia de Marketing

Saiu nos jornais que agora não será considerado ato de pirataria a impressão de livros em apostilas e a reprodução obtida na Internet, por meio de CD, DVD, pen drive e outros instrumentos aplicáveis. A propósito da referida notícia, João Ubaldo Ribeiro, em sua coluna domingueira, teceu ilações interessantes sobre o futuro dos escritores, a recomendar alternativas de sobrevivência para eles, escritores, e de todos os seus dependentes.

Recomendou, por exemplo, a organização de shows musicais ou de apresentações em praça pública com o escritor tocando harpa paraguaia ou flauta boliviana (ou peruana). Imagine um dueto tendo João Ubaldo na flauta e Rubem Fonseca na harpa. Sucesso absoluto!

Fiquei pensando em tais alternativas. Se não sou nem aprendiz de escritor, o que será de mim, meu Deus? Preciso, sem dúvida, reciclar minhas atividades profissionais, pois o meu público de cursos e palestras já está cansado de ouvir minha desgastada retórica, ainda mais se tudo que eu digo a Justiça rebate contra. Aliás, os meus ouvintes não querem mais saber de doutrina ou dos termos da lei. Em vez de perder tempo a entender a lei do Legislativo, preferem aguardar a formulação da lei do Judiciário. Aqui entre nós, o Legislativo está tão desprestigiado que a Justiça Superior resolveu assumir a função de redigir leis.

Pois bem. Eu estava no quarto de um hotel em Mossoró e, como sempre faço, escancarei as janelas e abri a cortina para fumar. Até certo tempo atrás, havia apartamentos para fumantes e para não fumantes, mas agora o fumo é proibido em todas as dependências. Por isso, abro a janela e dou uma fumadinha rápida, enxotando a fumaça com a ajuda de uma toalha, de modo a evitar o flagrante delito e ser conduzido incontinenti à Delegacia mais próxima.

Pois eu estava no hotel em Mossoró, janela aberta, quando a televisão lascou um xaxado, mas daqueles dos bons que não deixa ninguém parado. Baixou em mim a vontade danada de dançar e comecei a gingar o corpo, pezinho pra frente, pezinho pra trás, eta coisa boa arretada!

Eu estava lá, entretido na dança, quando olhei para o lado de fora e vi, na janela de outro apartamento, três arrumadeiras rindo às escâncaras, a assistir o meu show. Não dei trela, continuei a dançar até o final do xaxado. E a platéia aplaudiu entusiasticamente. Eu agradeci, curvando solenemente o corpo, igual músico de concerto.

Vem daí o meu plano de marketing. Pretendo dar show de xaxado, mas, para isso, preciso do apoio de um sanfoneiro e de outro no bumbo, o que não será difícil de arrumar com tantos amigos que eu tenho no Nordeste (de três nordestinos um toca sanfona, isso eu garanto). Outra medida a tomar seria a de reduzir a barriga, mas... Não sei; dizem que a barriga faz parte do meu charme, melhor consultar um marqueteiro.

Assim, em vez de ficar falando de tributos, organizo um show de xaxado e durante o coffee brake tento vender uns livrinhos. Acho que vai funcionar.

2 comentários:

  1. Muito Bom!! já fiquei imaginando você com chapéu de cangaceiro e a vestimenta local! hahaha..
    Beijos pai

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  2. Filho,
    Chapéu de cangaceiro já tenho. Troquei por uma dentadura velha na feira de Caruaru. Comprei as cartucheiras que se usa cruzadas no corpo, mas fui preso no aeroporto por causa de um isqueiro que estava na minha pasta, e acabaram levando também as tais cartucheiras. Da próxima vez, evito levar isqueiro e vai ficar tudo bem.

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