segunda-feira, 11 de julho de 2016

O suicídio

Com o máximo de respeito à família, cujo sofrimento não posso nem imaginar, o suicídio do Senhor Paulo Morato é um dos mais inusitados. Ele resolveu se matar num quarto do Motel Tititi em Olinda. Para concretizar a sua morte, ingeriu o veneno conhecido por chumbinho. Este veneno não tem gosto e nem odor, podendo, assim, ser misturado à comida ou à bebida sem alterar o gosto e provocar cheiro estranho.

No entanto, o chumbinho provoca sangramento no nariz e na boca, fato que caracteriza a agonia final da morte por envenenamento. Todavia, o Senhor Paulo Morato foi encontrado na cama totalmente limpo e o quarto em perfeita ordem, sem qualquer vestígio de sangue ou coisas espalhadas.  

O inusitado, portanto, decorre das surpreendentes providências tomadas pelo falecido, segundos antes de falecer. Ingeriu o veneno e logo que surgiram os sintomas rapidamente tomou o cuidado de fazer a toalete, lavar-se e tirar manchas da toalha do banheiro. Limpou o chão, secou o box do banheiro e a pia, e ainda teve tempo de arrumar o quarto. Deixou tudo imaculadamente limpo. E correu a deitar-se na cama, a espera da morte premente.

A propósito, o Senhor Paulo Morato era foragido da Polícia Federal. Era suspeito de ser o articulador da contratação de ‘laranjas’ para figurarem como sócios das empresas fantasmas. Provavelmente, envergonhado diante de tais acusações, resolveu dar cabo à vida, mas não permitiu que o encontrassem de forma desleixada e bagunçada. Esforçou-se para deixar tudo bem arrumadinho.

Talvez por ter ficado tão ocupado antes de morrer, não deixou carta nem bilhete de despedida. Um caso para trabalho conjunto do detetive Murdoch, Hercule Poirot e Comissário Maigret.   

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