Bombósio Espinafro, indicado para
investigar políticos pela prática de delitos, deu início às suas árduas tarefas
nas câmaras municipais da vasta região de sua competência, a perseguir os passos
da vereança lá aquartelada. Ao puxar um fio de suspeita deparava-se com outro e
mais outro, até formar um nó embolado de difícil desatamento. Chegou à
conclusão de que todos os edis estavam engajados nos crimes de peculato e,
assim, a pedir a prisão de todos eles.
Câmara Municipal vazia voltou-se
aos Prefeitos, a perscrutar suas vivências públicas e a concluir pela
culpabilidade geral, de crimes praticados a esmo. Soltou relatório pedindo a
prisão de todos.
Municípios acéfalos, partiu em direção
ao Estado e acostou provas e presunções, dando-lhe embasamento à denúncia
contra todos os deputados, suplentes e supérfluos, enfiando todos na cadeia.
Não fez vista grossa aos governadores, ao apurar falhas licitatórias e outros
despautérios, prendendo-os todos.
Mesmo engabelado no Congresso
Nacional, manteve-se entono na sua plenitude de altivez e através de escutas
sigilosas apurou a sem-vergonhice desenfreada, requerendo o acautelamento de
todos os congressistas.
Foi, então, ao aproximar-se da
casa mais alta, que constatou a terrível verdade de que se fossem presos todos
os maledicentes nenhum sobraria. E, por certo, sendo a corrupção a regra maior,
sem ressalvas e exceções, seria ele o verdadeiro criminoso e não os outros, os
acoitados. Pois impossível germinar a honradez em meio à imoralidade
consolidada e sedimentada em tantos anos de falcatruas.
Sim! Era ele, Bombósio Espinafro,
o verdadeiro infrator, aquele que ruma em direção oposta, a tergiversar às
normas regulamentares do ilícito, aquele que contraria as regras da conduta
desmazelada e imposta a todos os homens de fé pública e de imoralidade ilibada!
E foi assim que Bombósio
Espinafro requereu à Justiça a sua prisão incontinenti, de preferência confinada
em solitária de vigilância máxima, para que evite todas as formas de contágio
do mal da honestidade que o aflige.
Estará a Bíblia certa: 'O mundo jaz no maligno'. Pressupondo que maligno seja: engodo, engano, embuste, adulação, lisonja, bajulação, mentira, pantomima, sofisma, tapeação, tramoia e etecetera. É curioso ver que há mais sinônimos para a mentira que para a verdade. Começa por aí os enganos deste mundo.
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