Eu estava na varanda lendo o jornal da manhã,
acompanhado por atrevidos pardais que, em cima da mesa, beliscavam farelos de
pão do meu prato, sem nenhum temor a minha presença, mais uma prova da visível
queda de poder do ser humano, quando me veio a luz. Não é que faltava energia,
mas a luz no meu cérebro que anda, ultimamente, em constante apagão.
A ideia brilhante foi a seguinte: diante de tamanha
discórdia entre os poderes executivo e legislativo, a piorar com as irônicas
alfinetadas do judiciário, cheguei à conclusão que o regime político brasileiro
deve sofrer profundas mudanças. Devemos acabar com o regime atual e instituir a
Ditadura Democrática. O Brasil, em vez de “república federativa” passaria a ser
“ditadura federativa”. Seria assim:
A) O poder político seria conduzido por um Ditador,
eleito a cada cinco anos pelo voto popular. O voto teria de ser no papelzinho,
sendo vedado o voto eletrônico (até hoje não me convenci da seriedade desse
voto eletrônico). A reeleição seria proibida.
B) Não haveria poder legislativo. O lema seria: “Todo
poder emana do Presidente, pelo povo e para o povo”. A depender do sexo do
Presidente, o lema poderia ser: “Todo poder emana da Presidenta, pelo povo e
para o povo”.
C) Ministros do Judiciário seriam nomeados por
concurso público. Somente poderiam concorrer advogados com militância
comprovada de mais de dez anos, juízes e procuradores, ambos com mais de cinco
anos de função.
D) Os partidos políticos atuais seriam
desmantelados. Os novos partidos seriam:
- PMDB do Ultra (Partido do Movimento Democrático
Brasileiro Ultra Conservador);
- PMDB-CF (Partido do Movimento Democrático
Brasileiro da Conversa Fiada);
- PMRD (Partido do Militarismo Radical de Direita);
- PCS (Partido Comunista Stalinista);
- PNF (Partido Nazista Fascista);
- PSM (Partido dos Saudosos Melancólicos);
- PTA (Partido dos Trabalhadores Arrependidos);
- PMA (Partido da Monarquia Absolutista).
E) Seriam banidas todas essas leis e regras burocráticas
que só incomodam, do tipo Orçamento, Lei das Diretrizes Orçamentárias, Lei de
Responsabilidade Fiscal etc. O Presidente(a) regeria o governo através de
decreto-lei ou Ordem Imperial.
F) O Presidente poderia usar o nome de “Presidente(a)
Imperador(triz)” ou “Imperador(triz) Presidente(a)”, a ordem não faz mal. O
título de Ditador(a) seria só para efeito interno.
G) Voltariam a vigorar as Ordenações Filipinas, com
suas penalidades assim descritas conforme a gravidade: Suplício, Mutilação,
Tortura, Banimento, Privação da liberdade e Morte. Marcação a ferro em brasa seria
substituída por tornozeleira elétrica, que daria um choque de hora em hora,
cuja intensidade seria de acordo com a gravidade da pena.
H) A delação não seria premiada; pelo contrário, o
delator seria fuzilado sumariamente antes de a fofoca transitar em julgado. Com
isso, esses incômodos atuais não existiriam mais. E juiz que insistir em julgar
o que não deve será banido para o Estado Islâmico.
Acho que assim ficaria bom. Ninguém chateia
ninguém, o governo governa como quiser e o povo, ah, o povo, este vai torcer
pelo Brasil nas Olimpíadas.
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Um Presidente-Imperador ou Imperador-Presidente |
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