
Todos conheciam o motivo da presença do grande chefe: a queda brutal dos lucros da empresa! E, por certo, ele vinha para devorar o fígado da diretoria e cada um dos diretores pensava em como jogar a culpa nos outros e tentar salvar-se.
William Portão entrou na sala sem cumprimentar ninguém, estava rubro de raiva e do sol de sua ilha particular na Polinésia. Sentou-se na poltrona de cabeceira e com os dois braços estendidos na enorme mesa de mogno brasileiro falou em sussurro e de olhos voltados para a mesa: “que porra de lucro é este?”. Os mais distantes tiveram dificuldade de ouvir, mas entenderam perfeitamente o sentido. E William Portão, agora olhando para o alto, repetiu gritando: “QUE PORRA DE LUCRO É ESTE?”.
O Vice-Presidente, cargo mais alto depois do Presidente, achou-se na obrigação de justificar, e gagejando respondeu: “Não tem mais ninguém para comprar o XP”. William Portão o encarou e perguntou rispidamente: “Você quer me dizer que já vendemos o XP pra todo mundo?”. O Diretor Comercial resolveu se meter na conversa: “Acabamos de vender o XP para os índios ianomânis, eram os últimos clientes em potencial que ainda havia”.
O Presidente balançou a cabeça e vociferou: “Seus idiotas! Se o produto já foi vendido pra todo mundo, por que os imbecis aqui presentes não lançaram outro para substituí-lo?”. Os diretores se remexeram nas cadeiras e ninguém teve coragem de responder. Um minuto de silêncio que pareceu uma eternidade, até que o diretor de desenvolvimento, um sujeito magrelo e de óculos, tomou a coragem de responder: “O problema, Sr. Portão, é que o XP é muito bom e o substituto que desenvolvemos é uma merda”.

William Portão deu um murro na mesa: “SEUS IDIOTAS! E vocês ainda brincam com essa merda! Bota outro nome, bota W7, W8, qualquer porra, mas tire o XP de circulação!”.
O diretor de desenvolvimento era o mais corajoso: “Mas, Sr. Portão, o XP foi a melhor coisa que fizemos, nada o supera”. O Presidente estava furioso: “E daí seu babaca? Nós já dominamos o mercado! Qualquer merda que lançarmos vai vender, que se dane o XP e a sua qualidade! Ele já era! Já teve o seu ciclo! Precisamos inventar outra coisa para faturar!”.
E assim, o XP foi banido. E vieram outros sistemas, o W7, o W8 e muitas outras janelas virão, cada qual com o seu ciclo de vida, mas, a diretoria aprendeu a lição: nenhum sistema poderá viver tanto tempo quanto o XP.
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