Está previsto para este ano a inauguração do novo canal do Panamá que permitirá a passagem de navios graneleiros de até 60 mil toneladas de carga.
O Estado do Mato Grosso é, atualmente, o maior produtor de soja no Brasil, com, aproximadamente, 24 milhões de toneladas.
A relação de preço entre grão de soja e soja beneficiada (óleo e farelo) era de 1 para 3 (o preço da soja beneficiada era três vezes maior que a soja em grão). Hoje, a relação caiu, passando a ser de 1 para 2. E continua caindo. Em termos de custo-benefício o melhor agora é exportar a soja em grão.
O problema do Mato Grosso é o escoamento da produção. Mais ou menos 90% da produção seguem por mais de mil quilômetros em rodovia para o porto de Paranaguá. A rota dos navios é, em geral, pela travessia do Atlântico, contornando a costa africana, em direção à China, que adquire 65% das exportações brasileiras de soja. O tempo de navegação dura, aproximadamente, 35 dias, sem contar a perda de dias provocada pelo congestionamento do porto.
A Rodovia BR-163 que liga Cuiabá a Santarém já está totalmente asfaltada no Estado do Mato Grosso, e o Governo promete concluir até 2015 o asfaltamento no Estado do Pará.
Santarém fica nas margens do majestoso e navegável Rio Tapajós, cuja largura alcança até 12 quilômetros (que beleza de rio) e oferece maravilhosas vantagens portuárias.
Unindo tudo isso, a soja do Mato Grosso vai mudar de rota. Seguirá de caminhão pela Rodovia BR-163 até Itaituba ou Santarém. Armazéns e portos graneleiros vão embarcar a soja nos navios que seguirão pelo Tapajós/Amazonas, atravessarão o canal do Panamá, e no Pacífico tomarão o rumo em direção à China. A viagem será reduzida em dez dias em relação às saídas de Paranaguá. O custo do frete será reduzido em quase 40%. A competitividade da soja brasileira será bem maior no mercado internacional.
Ao retornar, os navios trarão fertilizantes que os produtores de soja tanto necessitam. O custo do fertilizante também vai cair.
As empresas gigantes do setor já estão se movimentando, adquirindo terras em Itaituba e Santarém para construir armazéns e complexos de logística. Um novo cenário está surgindo.
A única preocupação é o governo deixar de cumprir a promessa de concluir o asfaltamento da BR-163. O DNIT garante que entregará a obra no prazo. Outra preocupação é o governo deixar de tomar iniciativas de reduzir a burocracia na exportação, que demanda tempo e custo. Outra é a capacidade de gestão dos portos oficiais. E outra mais são os icebergs da corrupção no trânsito dos papéis... Mas, poxa, vamos ter fé que tudo se resolva!
O Pará ansiosamente aguarda. E o Brasil cresce para o Norte, até então esquecido e abandonado, como se fosse terra de ninguém, ou, pelo menos, do açaí e do cupuaçu (ou kupuaku como dizem os japoneses).
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