Gostei da ideia do Veríssimo,
publicada no Globo, de serem criados os Jogos Olímpicos Infantis para a
meninada de até dez anos da idade. Vou, porém, aprimorar as sugestões do
Veríssimo porque, coitado, já deve estar gagá, como eu.
Teríamos as seguintes competições
esportivas:
1º - Pelada de rua. As balizas do
gol seriam marcadas com pedras grandes no meio da rua. Os atletas jogariam
descalços e não teria juiz. A única infração seria botar a mão de propósito na
bola. Apanhado nessa infração, o jogador seria expulso sob as vaias de todos e
deixaria a rua humilhado indo chorar nas saias da mãe. Quando um pedestre
resolvesse atravessar o local do jogo, alguém gritaria “Parábola!” (Parábola é
corruptela de “Para a bola”). Todos os jogadores estancariam e ficariam
paralisados em suas posições até o pedestre deixar o ‘campo’. A bola seria
qualquer coisa que se chama de bola, serviria até bolinha de ping-pong.
2º - Bola de gude. Seriam duas
modalidades: Búlica e Triângulo. No jogo de búlica, seriam feitos três
buraquinhos no chão (de terra, evidente) e os jogadores tentavam bater na bola
do adversário para que esta caísse na búlica da vez. No Triângulo, quem
conseguisse colocar suas bolas dentro do Triângulo vencia o jogo. Regra única:
não vale cuspir na bola de gude.
3º - Mulher do padre. Uma espécie
de corrida, mas não importava quem chegasse em primeiro lugar. O importante era
não chegar no último lugar. Este era A Mulher do Padre e seria excluído do
jogo. Ao final, quem sobrasse era o vencedor.
4º - Escambida. Formado por dois
grupos (o número de participantes não importa, mas os dois grupos têm que ter
números iguais). Um grupo contava até cem, enquanto o outro se escondia. Se o
grupo escondido fosse apanhado dentro do prazo de uma hora, o outro venceria.
Regras: havia um limite de área para esconder-se e não valia ficar escondido
dentro de casa.
5º - Círculo. Dois times (o
número de jogadores dependeria de quem estivesse a fim de jogar). Eram feitos
dois círculos na rua (de giz quando asfaltada), dentro dos quais eram armadas
duas estruturas frágeis de gravetos. Um jogador lançava a bola na tentativa de
derrubar a estrutura, e o adversário tentava rebater a bola com um pedaço de
pau (até cabo de vassoura serve). Quem derrubasse a estrutura do adversário
vencia o jogo, ou marcava ponto.
6º - Jogo de botão. Podia ser
jogado em ‘mesa oficial’ ou no piso de uma varanda. A bola era de bombril ou de
rolha, tanto faz. Quem fizesse mais gols venceria, é lógico.
7º - Ioiô. Quem conseguisse ficar
mais tempo com o ioiô girando na cordinha era o vencedor. Ganhava pontos quem
conseguisse fazer o ioiô andar no chão ou piruetas no ar.
Bem, têm outros jogos, mas o Comitê Olímpico teria de selecioná-los.
Aliás, estou aqui pensando que isso não daria certo. A criançada de
hoje não tem a mínima ideia do que estou falando. Os seus esportes (se podemos
chamar assim) já são outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário