sábado, 28 de fevereiro de 2015

As aflições do telemarketing

O pessoal do telemarketing tem cinco minutos de “pausa do banheiro”. Quando toca a sineta, o atendente sai em disparada para desafogar bexigas e intestinos em cinco minutos. Se ultrapassar o tempo permitido perde bônus, ou seja, é multado ou pode perder o emprego. Uma moça ingressou na Justiça e o Tribunal Superior do Trabalho lhe deu ganho de causa, mandando o empregador pagar R$5 mil de indenização. A empresa alegou que todos os empregados tinham, além da “pausa do banheiro”, dois intervalos de dez minutos na jornada de seis horas, tempo mais que suficiente para descansar, lanchar, beber água, fazer fofoca e ir ao banheiro, se quisessem.

Ou seja, os empregados podiam sentar na privada e enquanto resolvessem suas necessidades líquidas e materiais poderiam muito bem comer um sanduíche, telefonar pra família e conversar animadamente com os colegas. Bastaria deixar a porta aberta. Os tribunais regionais concordaram plenamente, ora, você pode fazer tudo ao mesmo tempo, sim senhora! Defecar, urinar, comer uma quentinha, escovar os dentes, conversar, cantar, tudo ao mesmo tempo é perfeitamente normal. Uma coisa não prejudica a outra. Basta não fechar a porta. Pode até espalhar umas cadeiras ao lado do vaso sanitário para que os visitantes se sintam mais confortáveis. 

Mas, a Ministra Maria Assis Calsing discordou. Disse ela que a restrição violava a privacidade da moça e ofendia a sua dignidade, expondo-a a constrangimento desnecessário e descabido. Os demais Ministros concordaram e lascaram a multa ao empregador.

Nós, que somos usuários de telemarketing, muitas vezes saímos do sério com as telefonistas, chegando ao ponto de ofendê-las. Precisamos, porém, entender que não estamos falando com o verdadeiro responsável pelas mazelas que nos são impostas. Quem comete os erros ou tenta nos enganar não tem coragem de atender ao telefone. Essa incumbência corre por conta de um pessoal esgotado, cansado, faminto e doido pra fazer xixi. Não é raro atendente usar fralda geriátrica. 

O atendente só pode trabalhar com a roupa do corpo e uma garrafinha de água. É proibido ter bolsa, celular e qualquer pacotinho nas mãos. Tem um fiscal que fica percorrendo as cabines, vigiando e dando ordens. As conversas são gravadas, não para defesa dos consumidores, mas para verificar se os atendentes estão cumprindo as regras. Neste ambiente de terror, o atendente ainda é obrigado a manter o tal “sorriso na voz”, expressar uma simpatia. Quem comete um erro pode entrar na lista de corte, uma black list, que antecede uma advertência, uma suspensão, até chegar à demissão por justa causa.

Muitos funcionários sofrem de infecção urinária, prisão de ventre, depressão, insônia e síndrome do pânico. Seria bom a gente pensar nessas coisas quando estamos xingando o atendente. Ele não é o culpado, é vítima como nós desse sistema perverso.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

A Cachaça verdadeira

Áurea Custódio
Sou, sim, um entusiasmado apreciador de cachaça, mas inimigo feroz dessas aguardentes que vendem por aí apelidadas criminosamente com o nome de cachaça. Misturam tudo, todas as alambicadas, metem álcool, água e açúcar, a depender do gosto que querem obter, engarrafa o resultado da mistura e, graças ao eficaz sistema de distribuição, vende em todos os lugares, desde barzinhos de beira da estrada até em restaurantes e hotéis luxuosos. Um crime que o governo complacente permite, a denegrir o nome da bebida brasileira.
O Decreto n. 2.314/97, que regulamenta a padronização e classificação da cachaça e outras bebidas, favorece essas indústrias fabricantes de aguardentes, chamadas por elas de cachaça. Permite, por exemplo, graduação alcoólica de até 54%! Cachaça verdadeira não passa de 44% de graduação alcoólica. Permite, ainda, acrescentar açúcar em até seis gramas por litro. Açúcar já é a matéria prima da cachaça, apurada na medição do brix, e acrescentar mais açúcar falsifica ou estraga a cachaça verdadeira. E temos também o crime desses fabricantes adicionar produtos químicos na produção da cachaça, o que é proibido, mas não cumprido.
Enfim, entristece ver os gringos bebendo essas drogas nos bares dos hotéis, a eles vendidas como se fosse cachaça. E se você pedir uma cachaça verdadeira nesses hotéis de luxo, eles não têm. Oferecem essas porcarias. Deixam os caras com uma tremenda ressaca e falando mal da nossa bebida.
Cachaça verdadeira utiliza somente a alambicada do corpo. A primeira alambicada (chamada de cabeça) e a última (chamada de membros) não são aproveitadas para fazer a bebida. Usam para fabricar álcool ou outra coisa qualquer, mas não entram na composição da cachaça. A graduação e padronização do sabor vem com a adição de água, somente água.
As verdadeiras cachaças são artesanais e, mesmo assim, aquelas cujos fabricantes são realmente rigorosos e cuidadosos na elaboração do produto. Em minha opinião, estão entre as melhores cachaças do Brasil, não necessariamente na ordem apresentada:
Casa Bucco
1 – Áurea Custódio, de Ribeirão das Neves, MG.
Envelhecida 3 anos em tonéis de carvalho. Teor alcoólico de 40%.
2 – Casa Bucco Ouro, de Bento Gonçalves, RS.
Envelhecida 3 anos em tonéis de carvalho e bálsamo. Teor alcoólico de 40%.
3 – Dona Beja, de Araxá, MG.
Temos a Dona Beja Extra Premium, envelhecida em 8 anos em barril de carvalho. Teor alcoólico de 40%
E temos também a Dona Beja Classic, envelhecida em 3 anos em barril de carvalho. Teor alcoólico de 40%.
4 – Sanga Funda, de Içara, SC.
Envelhecida de 2 a 5 anos em tonéis de amburana (ou umburana), carvalho e bálsamo, teor de 38%.
5 – Spézia Ouro, de Luis Alves, SC.
Não sei o tempo de envelhecimento, que é feito em barril de carvalho. Teor alcoólico de 38%.
6 – Taruana, de São João do Nepomuceno, MG.
Envelhecida 2 anos em tonéis de castanheira, teor alcoólico de 40%.
7 – Weber Haus, de Ivoti, RS.
Temos a Weber Haus envelhecida 2 anos em amburana e teor alcoólico de 38%. E temos a extraordinária Weber Haus Extra Premium, envelhecida 12 anos em carvalho e bálsamo. Graduação alcoólica de 38%.


Por motivo de espaço, não estou divulgando outras que mereciam estar aqui. Aliás, importante informar que não sou propagandista dos fabricantes dessas cachaças maravilhosas. E não esqueça: beba com moderação, o que lá isto signifique.

Dona Beja
Spézia
Taruana
Webber Haus









quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

A morte anunciada do combustível fóssil

Em junho de 2014 o preço de mercado do barril de petróleo era de U$115. Diante de preço tão elevado, países como o Canadá e os Estados Unidos investiram na exploração do óleo contido nas reservas de xisto, cujo custo médio de U$85 compensava o investimento. Com isso, os Estados Unidos, entre outros, reduziram substancialmente suas importações de petróleo, o que provocou um sinal de alerta nos países produtores, principalmente os árabes. Afinal, uma queda de compra do maior consumidor de petróleo do planeta representa uma perda imensa aos seus fornecedores.

Adotou-se, então, a estratégia de reduzir preço e de junho de 2014 a janeiro de 2015 o preço do barril caiu a valores abaixo de U$50. A nova realidade fez com que algumas empresas poderosas que exploravam reservas de xisto paralisassem a exploração: mais lucrativo comprar o petróleo do que extraí-lo. E o mesmo se dá com as reservas do pré-sal, cujo custo de exploração no Brasil gira em torno de U$80, com gente falando de até U$100.

Quando?
A verdade, porém, verdade que a maioria esconde, é que a exploração de combustível fóssil está com os seus dias (ou anos) contados. Vários países, como a Alemanha, já se movimentam neste sentido, deslocando grandes parcelas de investimentos para fontes de energia alternativas, como a solar, a eólica e a elétrica. Até mesmo alguns ricos países árabes investem fortemente na captação de energia solar, apesar de suas enormes reservas de petróleo. Eles sabem que até agora só estiveram queimando suas riquezas que não são inesgotáveis. Segundo informação de um jornal algumas cidades alemãs somente liberam a certidão de habite-se quando a nova edificação implantou o sistema de energia solar. Eis uma boa ideia para grandes cidades brasileiras: construções novas superiores, por exemplo, a 1.000 metros quadrados de área construída seria liberada somente com instalações de captação de energia solar. Tal medida ajudaria também a combater a nossa propalada crise energética.

Outro aspecto relevante é que grandes instituições financeiras estão reduzindo drasticamente o volume de seus investimentos no setor de combustível fóssil. Em suas análises de risco projetam este setor ao nível de perigoso ou ‘não recomendável’ a longo prazo, e cabe lembrar que esses investimentos são sempre de longo prazo. Em 2014, um valor superior a U$50 bilhões, destinado à exploração e refino de petróleo, foi deslocado para outros setores. Aliás, este é mais um problema da Petrobrás: as generosas ofertas de financiamento de investidores estão escasseando, a dizer que os limites de crédito já atingiram o patamar de risco aceitável, ou, então, é preciso reduzir o limite para mantê-lo seguro. Não é difícil concluir que o pré-sal está seriamente ameaçado de estagnar por falta de recursos e de interesse econômico, a não ser que a obstinação beócia de certas lideranças políticas continue a exigir o “tudo ou nada”.

Bem, como se vê, a disputa de mercado se confunde com uma mudança radical da vida humana. A OPEP disputa mercado com o xisto, reduzindo o preço de sua mercadoria para arruinar a concorrência, mas a grande questão é outra: a festa do combustível fóssil já está na quarta-feira de cinzas. Está na hora da Petrobrás rever os seus projetos de longo prazo e partir para outras fontes de energia. E lamber suas feridas, a maioria provocada por seus algozes que lá se aquartelaram. 

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Como pedir demissão de uma empresa

O Jornal Valor, de 13/02/2015, publicou interessante matéria sobre formas inusitadas de pedir demissão, tendo por base uma pesquisa de uma tal Office Team. Aliás, americano adora pesquisa. Outro dia, li a respeito de uma pesquisa sobre a quantidade cúbica de “gases expelidos” pelos bovinos, uma das causas dos buracos na camada de ozônio, valha-me São Joaquim do Fermento! Até peido de vaca é agente poluente.

Já dizia Santo Inácio de Loyola (ou foi Santo Agostinho?) que pedir demissão do emprego exige educação e habilidade. Motivo? Deixar a porta da empresa aberta. Bem, deixar a porta aberta, por quê? Se o motivo for um possível retorno no futuro, então ainda estou indeciso, e se estou indeciso o melhor é não pedir demissão. Não! O motivo é outro, é de não macular o meu currículo! Mas, pedir demissão macula currículo? Enfim, tudo baboseira empresarial.

A verdade é que esse pessoal de recursos humanos só pensa na empresa, nunca no empregado. Eles não gostam de empregados que pedem demissão, parece uma traição aos olhos deles. Uma apunhalada nas costas da querida empresa. Eles gostam mesmo é de demitir, prova de que estão sempre atentos aos custos e na otimização do quadro funcional. Adoram a palavra faxina, e adoram demitir faxineira. Esse pessoal de recursos humanos é, na verdade, uma turma de puxa-sacos dos patrões. Há exceções? Claro que existem exceções, todos já demitidos.  

Por isso, estabelecem regrinhas tolas e fúteis para empregados que querem pedir demissão. Fazer uma carta gentil, sempre elogiosa à empresa e aos seus diretores, conversar com o chefe e dizer que lamenta muito ser obrigado a deixar a empresa, sempre tão boazinha com os seus ‘colaboradores’, está disposto a treinar um substituto, mas, enfim, recebeu um convite desafiador e ele, empregado, sempre gostou de encarar desafios, e assim por diante.

Qualquer pedido de demissão fora dessas regras é considerado equivocado e inusitado.

Vai daí que a tal empresa considerou inusitadas algumas formas de demissão verificadas na pesquisa. Pois até gostei de algumas delas. Por exemplo:

1) Um trabalhador atirou um tijolo pela janela com as palavras ‘Eu me demito’.
Muito boa, mas verifique primeiro se a janela está aberta. Caso contrário, você terá de pagar o vidro quebrado. E cuidado para não atingir a cabeça do diretor.

2) A pessoa foi ao banheiro e nunca mais voltou.
Bem, aí depende da localização do banheiro. Têm empresas com tão poucos banheiros e tão distantes que o empregado acaba se borrando nas calças no caminho. Tem que ir pra casa mesmo.

3) O empregado empacotou suas coisas e saiu sem dizer uma palavra.
Ora, este é o melhor método de demissão para pessoas tímidas ou mudas.

4) A funcionária disse que estava saindo para comprar botas novas e nunca mais foi vista.
É lógico! Ela pode ter comprado as botas de sete léguas, ou, então, ao comparar o preço das botas com o seu salário simplesmente desistiu de trabalhar.

5) Um empregado abandonou uma reunião sem dar explicações.
Com toda razão! Essas empresas têm mania de fazer reunião para qualquer coisa. E os empregados só ouvem abobrinhas, um monte de besteiras. Ser obrigado a ficar ali, sentado, ouvindo os bobalhões, tenha paciência!

5) Ele simplesmente se levantou e disse: ‘Eu me demito’.

Esta é a melhor de todas. Gritar aos quatro ventos que se demite, largar tudo e nunca mais voltar, eta coisa boa! É aquele momento do impulso, do auge da indignação, da gota d’água transbordante. Sair de peito estufado e cabeça erguida, com os olhos voltados para o alto, seguir a passo firme em direção da porta da rua, a porta da liberdade. Que momento empolgante! Isso já aconteceu comigo, um momento inesquecível, de dignidade absoluta. Só depois, ao chegar em casa, pude avaliar as consequências do meu ato.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A delação premiada


O Delator (Presidente da Bielorrúsia): "FOI ELE QUE PEIDOU!!!"
Putin: "SÓ PODIA SER! AGORA EU MATO ESTE PUTO!"
Merkel: "QUE NOJENTO!!"
Hollande: "MERDE!".

O novo plano de paz foi adiado...
(foto publicada no jornal Globo, de 12/02/2015, direitos de Maxim Malinovsky/AFP)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

A corrupção e o suicídio

Nos idos de 2012, o governo chinês deu início a uma severa campanha de investigar e castigar servidores corruptos. Quando se diz “governo chinês”, entenda-se o Partido Comunista daquele país. De lá pra cá, um número aproximado de 250 mil servidores afiliados ao partido estão sendo investigados ou já são alvos de ações judiciais. Bom lembrar que todos os servidores são afiliados ao partido, mesmo que seja de mentirinha.
E a investigação não perdoa ninguém, pegando “moscas” e “tigres”. No linguajar chinês, “mosca” é o servidor de baixo escalão, e “tigre” é aquele que ocupa altos cargos.
Ocorre que, lá na China, quando o acusado morre durante as investigações ou ações ainda não transitadas em julgado, o processo é extinto e a família não fica obrigada a devolver os bens amealhados pelo de cujus, ou melhor, pelo falecido. Desta forma, a morte protege a família e qualquer cúmplice na tramoia.
Em tais circunstâncias, o governo percebeu alarmado o enorme número de suicídios, ou mortes com suspeita de suicídio, de membros do partido que estavam sob investigação. Como se sabe, na tradição chinesa o suicídio é tido como uma saída honrosa diante da vergonha da condenação.
Por isso, o governo chinês promoveu intensa pesquisa para saber as verdadeiras causas das mortes dos seus servidores/afiliados, a fim de apurar se a causa mortis foi natural, acidental ou proposital. E nova pesquisa deverá ser desenvolvida, devendo todos os funcionários responder interessantes quesitos, tais como:
1) “Você pretende se matar?”
2) “Em caso afirmativo, qual será o método a ser utilizado?”
Saltar de um prédio (   ); Dar um tiro na cabeça (   ); Praticar o haraquiri japonês (   ); tomar veneno (   ); enforcamento (   ); Outro método (   ) Explicar:
3) Em caso negativo, não precisa responder os demais quesitos.
4) “Antes de suicidar-se você pretende deixar uma carta à família?”
5) “Em caso afirmativo, qual será a justificativa do seu ato?”
Depressão (  ); Desonra (  ); Traído pelo cônjuge (   ); Doença terminal (   ); Distúrbio psicológico (   ); Saco cheio (   ); Outro motivo (   ) Explicar:
6) “Se você foi corrupto, qual o valor total de propinas recebidas?” Em Yuan:
7) “Onde você guardou o dinheiro roubado?”
Banco estrangeiro (  ); Debaixo do colchão (  ); Enterrado no chão (  ); Na casa da sogra (  );       Gastou tudo (   ).
8) “Quem foi o corruptor?”
Contribuintes (  ); Empreiteiras (  ); Governos Estrangeiros (  ); Diretor da Petrobrás (  ).
9) Identifique o nome do(s) corruptor(es):
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
(se o espaço acima não for suficiente, escreva no verso desta folha).

As informações acima são de caráter confidencial e somente serão usadas em ações judiciais e nos pedidos de pena de morte contra você.

O Partido agradece sua colaboração. 

domingo, 1 de fevereiro de 2015

O derretimento da Petrobrás

Quando a diretoria da Petrobrás fala em R$88,6 bilhões de valor superestimado de plantas do seu ativo, a informação não sensibiliza o brasileiro comum, pois se trata de um valor tão estratosférico que nós não temos a mínima condição de avaliar a sua grandeza. Para nós, um bilhão, dez bilhões, cinquenta bilhões ou cem bilhões significam a mesma coisa, se não temos nada que simbolize ou que permita uma equiparação. Somos um povo do milhar, ou até do milhão. Mas, bilhão, confesso que não tenho a mínima ideia de como mensurar.

Por isso, resolvi buscar comparativos que permitam entender de que valores estão falando. Procurei balanços de grandes empresas e consegui os seguintes resultados:

Empresas de capital aberto
Valor do Patrimônio Líquido
Cielo S. A. (consolidado)
R$4,309 bilhões (31/12/2014)
Grupo Votorantim (consolidado)
R$5,167 bilhões (31/12/2013)
Companhia Siderúrgica Nacional – CSN
R$8,069 bilhões (31/12/2013)
JBS S.A.
R$23,588 bilhões (Setembro/2014)
Gerdau S. A.
R$30,39 bilhões (31/12/2013)
Ambev S. A.
R$43,624 bilhões (Setembro/2014)
Bradesco
R$79,24 bilhões (Setembro/2014)

Bem, agora melhorou para mensurar o valor de R$88,6 bilhões. Este valor significa que a Petrobrás jogou no lixo um Bradesco e mais uns R$9 bilhões de sobra. Ou então, perdeu o equivalente à JBS (a maior empresa produtora de proteínas do mundo) e Ambev (a maior cervejaria do Brasil), as duas juntas, podendo ainda jogar no lixo ao mesmo tempo a Cielo, a CSN e o Grupo Votorantim.

Outra comparação é a seguinte:
Gastos da União com a Educação no Brasil em 2013: R$91,3 bilhões (segundo o SIAFI);
Gastos da União com a Saúde no Brasil em 2013: R$47,3 bilhões (segundo o Conselho Federal de Medicina).

Ou seja, a perda da Petrobrás foi quase o dobro do que foi gasto em saúde no Brasil, em 2013. E por pouco (ufa!) não atinge os investimentos em Educação.

Outra comparação: o Município de São Paulo, o mais poderoso do Brasil, tem um orçamento global de R$50,6 bilhões. E a Cidade do Rio de Janeiro, a segunda maior, tem orçamento de R$27,1 bilhões. Ou seja, o rombo da Petrobrás supera o somatório das duas principais cidades brasileiras. Com sobras.

Uso aqui esse desagradável vício de linguagem que domina bom número de brasileiros quando termina uma frase: “Entendeu?”. Pois é, não precisa responder.