São abundantes os problemas que afligem os Prefeitos em início de mandato. São tantas aflições! Meu Deus! Será que compensa ocupar o trono de alcaide da minha cidade? Ah! Sim! O PODER!! Se antes não era nada, a caneta guardada, tinta ressecada, com esses cartões bancários, nem mais cheque para assinar! E agora, duas canetas no bolso, uma especial, Mont Blanc, presente de um empreiteiro puxa-saco, e outra, uma bic de emergência, para assinar nomeações e nomeações, a caneta não descansa. O poder está na caneta! E não há de faltar água mineral na mesa! Conversas, negociações, fofoquinhas, a garganta, qual a caneta, resseca, sobrevém a rouquidão. A cabeça lateja, precisa-se urgente de uma neosaldina! Ora, nada disso importa! O poder compensa!
E um dos mais sérios problemas do prefeito noviço é o de conseguir encaixar os pedintes nos cargos públicos disponíveis, se tantas foram as promessas de emprego e poucas são as vagas existentes. Se impossível reduzir o número de pedidos, o remédio é aumentar as vagas. Alguns pedidos são fáceis de resolver: o pedinte deixou claro que não quer trabalho, ele só quer um bico, um salário por mês sem precisar fazer coisa nenhuma, nem de ir à Prefeitura. Basta, então, nomeá-lo aspone e tudo se resolve. Assessoria de nada é sempre uma boa saída.
Mas existem aqueles pedintes que querem status, querem dizer que participam efetivamente da administração. Esses não podem ser aspone, querem ocupar funções de envergadura, tipo Secretário, Presidente de autarquia, Diretor e coisas assim. E como conseguir vagas para todos eles?
A melhor solução para tal problema é a de criar novas Secretarias. Precisa de lei, é verdade, mas as Câmaras alvissareiras, todas felizes em novo mandato, aprovam tudo que o novo prefeito desejar. E levando em conta o nosso espírito público altruísta, sugerimos aos Prefeitos a instalação de algumas Secretarias inovadoras, ou, por que não dizer, revolucionárias, a causar impacto na gestão municipal. Seguem algumas sugestões:
Um Município criou a Secretaria Municipal da Religiosidade. Muito interessante, embora eu não saiba suas funções por certo alguém haverá de suprir essa deficiência com lógica e discernimento. Seria uma Secretaria propícia à nomeação de algum religioso que apoiou o candidato eleito, ou perdeu as eleições para vereador. Embute uns quatro subsecretários, uns oito diretores de departamentos, e, pronto! Resolve-se o problema paroquial!
Outro Município criou a Secretaria Municipal de Futebol, independente da já existente Secretaria Municipal de Esporte. Sem dúvida, futebol merece uma Secretaria à parte por sua importância. Nomeia-se um ex-jogador de futebol como Secretário. Cria-se subsecretarias que cuidem dos subdoze, dos subquinze e por aí vai.
Outro Município criou a Secretaria Municipal da Erradicação dos Roedores. De vital importância, haja vista a grande população de ratos e cupins no Município, inclusive dentro da própria Prefeitura.
Em vez de criar uma Secretaria Municipal de Cultura, façam diversas Secretarias da Cultura. Por exemplo, Secretaria Municipal da Cultura das Hortaliças Artesanais, ou Secretaria Municipal da Cultura Popular, ou Secretaria Municipal da Dança Folclórica, mesmo que não haja dança folclórica no Município, tudo se inventa. Uma infinidade de culturas poderia ser implantada. Basta escolher. Por isso, um novo Secretário, muito esperto, alterou o nome de sua Secretaria de Cultura, para Secretaria das Culturas, liquidando, assim, qualquer hipótese de concorrência futura.
Bem, são várias sugestões, mas não vamos encompridar a lista. Os prefeitos devem ter suas próprias criatividades e tudo de acordo com as peculiaridades de sua terra. E vamos nós!! Que se encaixem todos e se locupletem juntos!
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