sábado, 23 de agosto de 2014

O Pesadelo

Eu dormia profundamente na total escuridão, até mesmo sem motivos para sonhar, quando de forma repentina, como um clarão resplandecente, um vulto iluminado surgiu das trevas inexpugnáveis, aproximou-se e disse essas palavras:

Faça dessas regras sua estrita observância:
O controle das nações será assegurado pela criação de gigantescos monopólios privados que serão os depositários de riquezas das quais todos dependerão.
Crises econômicas atingirão ciclicamente as nações, subtraindo-lhes o dinheiro colocado em circulação. As riquezas serão por nós acumulada e dosaremos empréstimos aos Estados, de tal modo que eles se tornarão nossos cativos.
As dívidas dos governos tornarão os seus gestores corruptíveis, o que os deixará cada vez mais à nossa mercê.
Nós apoiaremos a todos, não importa a ideologia, e, particularmente, os operários.  Ganharemos sua confiança e eles se tornarão assim, para nós, um instrumento muito útil.
Supriremos dos homens sua verdadeira fé.  Modificaremos ou eliminaremos os princípios das leis espirituais. A ausência dessas leis enfraquecerá a fé dos homens, pois as religiões não serão mais capazes de dar nenhuma explicação.
Preencheremos essas lacunas introduzindo um pensamento materialista dirigido aos interesses exclusivamente individuais.
Para ter domínio sobre a opinião pública, leva ao povo a ignorância que sempre o confundirá.
A imprensa nos será uma boa ferramenta para oferecer aos homens tantas opiniões diferentes que eles perderão qualquer visão global e se perderão no labirinto das informações. E o povo chegará ao ponto de não ter nenhuma opinião.
O povo perderá, cada vez mais, o hábito de pensar por si mesmo e de formar o seu próprio pensamento. Ele acabará pronunciando as palavras que desejarmos ouvir pronunciadas.
Suscitaremos nas pessoas uma sede de luxo, a busca do impossível. Deste modo, fomentaremos os vícios, a corrupção e o roubo.
Elas estarão presas na armadilha do sistema antes de poder identificá-lo.
Destilando um sopro de liberalismo nos órgãos de Estado, nós modificaremos todo seu aspecto político.
As eleições serão, para nós, um meio de chegar ao trono do mundo, sempre fazendo crer ao modesto cidadão que ele contribui para melhorar o Estado com a sua participação.
Ao mesmo tempo, reduziremos a nada o impacto da família e seu poder educativo. E dedicaremos todos os nossos esforços para impedir o surgimento de personalidades independentes.
Nosso sucesso, no tratamento com os homens dos quais necessitamos, será facilitado por nosso modo de tocar sempre o lado mais sensível da natureza humana, isto é, a cupidez, a paixão e a sede insaciável de bens físicos e materiais.
Nosso poder reside também na penúria permanente da alimentação. Agiremos sobre as massas pela carência, e aproveitaremos a inveja e o ódio que disso resulta.

E antes de evaporar-se no espaço, o ser iluminado sussurrou:

“Diga apenas aquilo que os poderosos querem que tu saibas”.

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