De uma passeata inicial contra o aumento das passagens de ônibus, a manifestação tomou vulto e agigantou-se por todo o país como um grito de basta! Um grito contra a inoperância, a omissão, o despreparo, a corrupção, a arrogância dos agentes políticos. Um grito contra a lassidão do próprio povo.
E os governantes insistem em não entender o verdadeiro motivo do reclamo. Respondem que aumentarão as verbas destinadas aos serviços essenciais, milhões ou bilhões a mais para a saúde, para a educação, para o transporte público, e não percebem que o povo não se importa ou faz cálculos de cifras astronômicas. O povo quer QUALIDADE de serviços, QUALIDADE de gestão! E qualidade não é condicionada a gastar mais, e, sim, investir com eficácia, com sabedoria.
Afinal, quem são os nossos gestores de serviços públicos? São políticos que NUNCA conseguiriam uma vaga de direção numa grande empresa privada, ou, então, seria apenas uma figura decorativa lá colocada puramente para fins políticos e lobistas. As grandes empresas não são loucas de deixarem pessoas incapacitadas, incompetentes, preguiçosas, e algumas até corruptas, assumirem posições de comando nas suas atividades. Enquanto isso, políticos despreparados são nomeados para funções da mais alta importância, em razão de conchavos e distribuição de empregos entre membros dos partidos, em troca de apoio político, acordos espúrios, negociatas e tramóias. O currículo não conta, conta o QI de “Quem Indicou”.
A piorar, esses “gestores” de meia tigela assumem suas posições com arrogância e estúpida altivez, como se fossem os aristocratas dos tempos imperiais. Suas portas estão sempre fechadas ao público, escondem-se das cobranças e reclamações, protegidos por severa vigilância, mas, quando sem alternativa são obrigados a atender alguém, empinam o nariz e tratam a pessoa como se esta fosse uma reles plebéia. Em geral, a mediocridade se disfarça com a arrogância.
Nenhum desses “gestores” consegue resolver a questão crucial de atendimento nos serviços de saúde, cujo problema se sintetiza nesta simples palavra: atendimento. Filas e filas se formam nos postos de saúde e hospitais, pacientes nos corredores, falta de medicamentos, aparelhagens, equipamentos, higiene, ambulâncias, e os parvos “dirigentes” jogam a culpa na falta de médicos, como se este fosse o único motivo do péssimo serviço, ou melhor, de sua inexistência.
O serviço de educação não funciona por faltar dinheiro. O que falta é GESTÃO! No Rio de Janeiro andaram comprando tablets na base de R$2 mil cada um, tablet simples que se compra a R$800 nas lojas. E os professores denunciam que a maioria dos aparelhos já chegou quebrada, ou defeituosa, nas escolas. A Educação precisa é de professores devidamente capacitados e com remuneração condigna, além de maior autonomia da direção das escolas, hoje sendo obrigada a acatar ordens absurdas dos tais “gestores”. O objetivo político atual da educação é o de massificar as escolas e apressar a formação dos alunos, como se uma escola fosse uma indústria de diplomas.
Esses “gestores” jogam a culpa do péssimo serviço de transporte público em cima das empresas de ônibus. Ora, as empresas vivem de lucro, não são instituições de caridade. O que falta é fiscalização no cumprimento dos contratos ou dos editais de licitação. E honestidade nas concorrências.
Enfim, o povo está de saco cheio! Está cansado de presenciar tamanha inoperância. Está cansado de ouvir somente justificativas e explicações vazias desses “gestores” instalados em seus tronos da soberba. O serviço público brasileiro está repleto de técnicos, profissionais capazes e competentes que dariam melhor contribuição se não fossem relegados aos escalões inferiores, obrigados a se subordinar a esses invasores ineptos, que assumem posições de comando em áreas que lhes são totalmente desconhecidas.
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