Cenário: Rua principal de pequena cidade. Personagens: Fiscal antigo e contribuinte cuja empresa vivia irregular, não sabendo quanto recolher de tributos, e, por isso, sempre pedindo ajuda ao Fiscal para fazer as contas e emitir as guias. Os dois se encontram.
Sobe o pano.
Fiscal – Seu Beneplácito!! Há quanto tempo!!
Contribuinte – Uma eternidade! Seculum Seculorum!!
Fiscal – Distanciou-se da Prefeitura...
Contribuinte – Milhas e milhas, estou navegando em outros mares! E o senhor continua na Prefeitura?
Fiscal – Continuo, mas estou para me aposentar... Vou dar lugar a sangue novo.
Contribuinte – Sangue dos jovens!! Sangue novíssimo, jorrando nas veias!!
Fiscal – É verdade, mas ainda inexperientes...
Contribuinte – Experiência zero!! Reprovados em curso a distância!!
Fiscal – Mas acabam aprendendo...
Contribuinte – Aprendem tudo!! São verdadeiros computadores! Digitou, salvou, gravou!!
Fiscal – Seu Beneplácito, que ninguém nos ouça, mas como são orgulhosos esses Fiscais novos...
Contribuinte – Soberbos!! Se ufanam pelos corredores!! Estufam o peito como pombas no cio!!
Fiscal – Mas deixa pra lá, o problema não é nosso...
Contribuinte – Muito pra lá!! O problema é lá da Austrália, do Japão!!
Fiscal – Mudando de assunto, e o Prefeito atual, o que o senhor acha dele?
Contribuinte – Isso mesmo, vamos mudar de assunto, e o Prefeito?
Fiscal – Meio confuso...
Contribuinte – Está totalmente perdido! Está controlando marimbondo no escuro!
Fiscal – E muda de partido, depois volta...
Contribuinte – Vai e volta! Casa e separa, casa e separa! Uma paranóia conjugal!
Fiscal – Ele está num dilema...
Contribuinte – Já é trilema, um polilema!! É lema pra tudo que é lado!
Fiscal – O que salva é que ele está grudado com o Governador...
Contribuinte – Unha e carne!! São irmãos gêmeos!!
Fiscal – Por isso, eu acho que ele não sai mais do PMDB...
Contribuinte – Não sai mesmo! Está encravado no PMDB! Uma rocha firme!
Fiscal - Mas se não derem espaço, ele se manda...
Contribuinte - Abanando lencinho branco! Beijinho, beijinho, tchau, tchau!
Fiscal – Bem... E a sua firma? Continua a desordem...
Contribuinte – Desordenada! Destramelada! Uma bagunça generalizada!!
Fiscal – Desculpe lhe dizer isso, mas o senhor tem mania de não cumprir as instruções do Contador...
Contribuinte – Eu sou um verdadeiro maníaco!! Atropelo tudo, misturo tudo!
Fiscal – É um problema de gestão, seu Beneplácito.
Contribuinte – Já é um problema de congestão! De diarréia gerencial!!
Fiscal – O senhor sabe que pode sempre contar com a nossa ajuda, sem interesse algum de nossa parte.
Contribuinte – Totalmente desinteressada! O senhor é um magnânimo! Deveria receber o prêmio do BED!!
Fiscal – BED?
Contribuinte – Benfeitor dos Empresários Desorganizados!!
Fiscal – Mas, então, o senhor nunca mais foi à Prefeitura...
Contribuinte – Morro de saudades!! As lágrimas borbotam!!
Fiscal – Por que, então, o senhor não volta mais lá?
Contribuinte – Porque agora eu sou do Simples Nacional!!
Fiscal – Ahh...
Desce o pano.
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