sábado, 23 de abril de 2011

Poemeto Ingênuo

O poço

O homem cavava o poço
e o poço aprofundava o vazio.
Do vazio surgia água podre,
surgia raiz morta,
surgia o nada.
E o homem cavava o poço...
A terra carregada em baldes
era lançada ao redor do poço.
E ao lado do poço surgiu um monte,
a elevar-se no espaço.
A cada profundidade cavada,
o monte crescia em igual proporção...
E o homem aprisionou-se,
cercado entre o poço e o monte.
Não mais vislumbrava o horizonte e,
aos seus pés, um poço profundo.
O homem cavou um túnel no monte,
precisava escapar de sua prisão.
E a terra retirada era lançada no poço...
E o vazio do poço foi ocupado de lama.
Um dia, o túnel desabou...
E o homem, soterrado na lama,
não mais vislumbrou o horizonte.

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