sábado, 30 de abril de 2016

E viva a cachaça!

Vamos ver se a gente consegue acabar, ou pelo menos diminuir, o preconceito contra a cachaça. Quando eu digo, com a maior tranquilidade possível, que sou um cachaceiro renitente, diversas pessoas se afastam escandalizadas e as mães zelosas retiram as crianças da minha presença. No entanto, se eu dissesse que aprecio, por exemplo, uísque, essas pessoas dariam um risinho de cumplicidade e algumas diriam polidamente: “eu também”.

Pois saibam que o teor alcoólico de uma cachaça boa, geralmente artesanal, é de 38%. Temos, sim, cachaças que atingem 45%, até mais, mas não são recomendáveis; são péssimos produtos que deveriam ser proibidos. Por sua vez, o uísque gira em torno de 38% a 54%, sem esquecer algumas marcas que atingem 64% de teor alcoólico!

A bebida alcoólica mais leve é a cerveja, na base média de 4,5%. Todavia, costuma-se beber muito mais quantidade de cerveja do que de cachaça. Enquanto o cachaceiro bebe, vamos supor, um copinho certo (60 ml) de cachaça, um bebedor de cerveja consome um copo (370 ml) de cerveja. Quem está consumindo mais álcool?

O vinho é uma bebida suave cujo teor alcoólico varia entre 10% a 15%. Os chamados vinho forte (Porto, Xerez, Madeira) alcançam uns 20%. Gosto de vinho, mas não deixo garrafa pela metade, o costume é bebê-la toda, o que não ocorre com a cachaça.

A vodka, muito apreciada entre a meninada é um verdadeiro foguete. Pode atingir 50% de teor alcoólico, e algumas marcas, como a Balkan, chegam a 88% e às vezes mais. Os rins não conseguem filtrar a bebida no tempo devido e sobra para o fígado, cuja função não é essa. Resultado: ressaca brava!

A tequila mexicana, extraída do agave azul lá do deserto de Jalisco, não é tão forte. O seu teor alcoólico varia de 35% a 40%. O problema são as falsificações que vendem no Brasil. Vendem por aqui coisas que chamam de tequila que atingem 50% a 55% de teor alcoólico. Veneno puro.

O saquê japonês e o soju coreano, bebidas feitas da fermentação do arroz, são bebidas bem leves. Em geral, os asiáticos não gostam de bebida forte. O teor alcoólico do saquê atinge 16% e do soju, uns 20%. São, realmente, mais suaves do que a cachaça, mas imagine eu oferecendo saquê aqui em casa para os bebedores. Vou perder todos os meus amigos.

E para terminar, algumas bebidas especiais e seus teores. A grappa italiana e a bagaceira portuguesa (feitas do bagaço da uva): paulada de 50% a 60%. O conhaque - se for o legítimo espanhol ou francês - uns 40%. Se for nacional ou falsificado, uns 60%. E o rum, de boa origem, varia de 35% a 50%, mas atenção com o Rum Bacardi 151: o seu teor alcoólico alcança 75,5%. Aos apreciadores de álcool puro uma boa receita: Rum Bacardi 151 misturado com Vodka Balkan da Bulgária. Mas não acendam cigarro perto da boca!

Pois é, viva a verdadeira bebida brasileira! A Cachaça legítima!

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Poucas... E ótimas!

Nesta confusão monárquica (rainha deposta, mas ainda não morta; príncipe regente que ainda não rege coisa nenhuma), os dois ficam prometendo absurdos populistas. Dizem ambos que vão aumentar o Programa Bolsa Família! Acontece que não há dinheiro! O Orçamento atual, ainda não aprovado no Congresso, tem um rombo de R$ 96,6 Bilhões! De onde vão tirar o dinheiro? Mais uma pedalada?

O Ministério Público Federal afirmou que o ex-presidente da empresa semiestatal Sete Brasil, o ilustre Senhor João Carlos Ferraz, confessou que foi mantido presidente da empresa com o único objetivo de garantir os acordos pré-firmados de pagamento de propinas. O QUÊ!!! Imaginem a conversa do nomeador com ele: “Escuta aqui meu querido Ferraz, você vai ficar lá para garantir as propinas, tá entendendo?”. E ele responde: “Sim, chefe! Fique tranquilo!”.

A Controladoria-Geral da União lançou uma cartilha “Anticorrupção”. Eis aí um livrinho muito interessante que deverá transformar-se em best seller! Ele, provavelmente, explicará como não se deve roubar, não cometer práticas delituosas, coisas do tipo “não ficar com o troco errado”, “devolver dinheiro achado na rua”, “não enganar freguês”, “não aumentar o consumo nas contas de luz e de água”, “não incluir ligações fictícias nas contas de telefone”, “não vender mercadoria falsificada”. Enfim, vai explicar que esperteza é ladroagem também. Não sei não, mas talvez fosse melhor distribuir o Código Penal e o Código de Defesa do Consumidor.

O Senhor FHC disse que o pretenso governo do príncipe regente Dom Temer não deverá ser de partido nenhum, mas de uma espécie de “sindicato” partidário. Neste caso, o idiota aqui pergunta: Para que serve, então, o estatuto ideológico de um partido político? Ou todos são iguais? Sendo assim, gostaria (Deus me livre!) de ver um governo com Bolsonaro como ministro da defesa e Stédille como ministro da agricultura.

E a última: foi nomeado como Conselheiro da Petrobrás o Senhor Francisco Petros. Eis aí uma pessoa cujo nome já demonstra sua perfeita sintonia ao cargo. Nada melhor do que um petros para tratar de petróleo. 

sábado, 23 de abril de 2016

Si te va à Rio



Lá no passado do qual ninguém se lembra, havia um sambinha carnavalesco que dizia “Si te va à Rio” etc. e tal, versão francesa da marchinha "Madureira Chorou". Não sei francês o suficiente para afirmar que o a antes de Rio tem crase ou não tem, mas a tradução deve ser: “Se tu vais ao Rio” (a gente cantava Riô).

Bem, naquele tempo vir ao Rio era sempre uma festa. Os franceses adoravam a cidade, sempre alegre, acolhedora, de uma bagunça muito bem organizada. Agora, a coisa mudou: não somos mais aquele povo boboca e ingênuo, que recebia os estrangeiros educadamente e não se importava quando um francês maluco se banhava pelado em Copacabana. O carioca ria da cena e dizia que na França era assim mesmo. No verão de Paris, um monte de franceses nadavam pelados no Sena, sempre havia um entendido a explicar. O povo se divertia com as extravagâncias dos gringos.

Agora, não. Se francês for nadar pelado suas roupas são furtadas. Carioca não é mais otário. Se estrangeiro bobear no calçadão é roubado e, se resistir, esfaqueado. Se antes o gringo pedisse caipirinha no bar, recebia a mistura de cachaça com limão. Agora recebe álcool com um limão faz tempo cortado, estragado e armazenado em latões. O comerciante não é mais correto e gentil. Não perde uma oportunidade para passar o estrangeiro para trás. O negócio é faturar.

O francês quando chegava era atendido por um taxista que conduzia o passageiro pelo caminho certo, e lá chegando, ele próprio carregava a bagagem até a recepção do hotel. Agora, roda a cidade como se fosse um passeio turístico e, se o passageiro bobear, foge com as malas. O carioca não é mais aquele bobo de antigamente. Agora, só tem esperto.

A velha cidade bucólica permitia passeios pela floresta da Tijuca. Passeavam vestidos com roupas de caçadores, pois temiam apenas a presença de uma onça. Agora, floresta quase destruída e onça morta, são atacados por bichos de duas pernas. Deu mole, perdeu!

Se antes uma epidemia de tifo quase assustou os gringos, hoje os perigos são mais sofisticados. Juntaram-se aos bichos humanos os mosquitos, todos organizados para chupar o sangue dos visitantes. Do arcaico tifo oferecemos agora o dengue, zika, microcefalia e outras variedades de doenças. O Rio se modernizou!

Então, se te va à Rio, não pense que o Rio é aquele da marchinha, do passeio inocente à Madureira, das praias cariocas e de Búzios. Já foi o tempo de Bardot! O carioca não é mais aquele bobalhão simpático. Ele aprendeu. Tu vais ser recebido por um povo ressentido, amargurado e revoltado. E fortemente armado!