quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

A festa de confraternização da empresa

O Departamento de Recursos Humanos da empresa enviou comunicado a todos os empregados:

“Pessoal! Comunicamos com muita alegria que a nossa festa de confraternização será realizada no próximo sábado, dia 17, no Clube Campestre Arroio de Xuí. Levem esposa e filhos! E não se esqueçam de roupa de banho para usar na piscina do Clube. Início às 9 horas e sem horário para terminar!”.

Um funcionário enviou resposta: “A minha religião não permite festividades no sábado. Favor alterar a data”. Recursos Humanos enviou nova mensagem: “Por razões religiosas, a nossa festa de confraternização fica adiada para o próximo domingo, dia 18”.

Uma funcionária enviou resposta: “O convite diz que as esposas e filhos podem acompanhar o funcionário. E as funcionárias? Poderemos levar os nossos maridos? Isso parece coisa de machista!”. Recursos Humanos enviou nova mensagem: “Atenção! Funcionários e funcionárias poderão levar seus cônjuges, namoradas, namorados, companheiras e companheiros, na festa de confraternização”.

Um funcionário enviou resposta: “Não tenho carro e nem dinheiro do táxi para levar a família até o Clube Campestre Arroio de Xuí. A empresa vai providenciar ônibus para transporte?”. Recursos Humanos enviou nova mensagem: “Atenção! Todos irão à festa de confraternização por seus próprios meios. A empresa não disponibilizará condução”.

Um funcionário respondeu: “Então, é preciso que a empresa aumente o vale transporte, já que teremos de comparecer no domingo”.

Outro funcionário enviou consulta: “Esse dia de domingo para participar da festa de confraternização vai contar como hora extra?”. Recursos Humanos enviou nova mensagem: “Atenção! A presença na festa de confraternização no domingo não conta como hora extra de trabalho. Afinal, ninguém vai para trabalhar”.

Outra funcionária enviou mensagem: “A empresa tira a gente da nossa casa num domingo e não quer pagar hora extra? Isso é um absurdo!”. Outro funcionário enviou mensagem: “Não sou casado, não tenho namorada. Posso levar um amigo ou vamos sofrer o preconceito da homofobia?”. E outra funcionária enviou mensagem: “A piscina vai ter proteção? A empresa já explicou a certos funcionários (e funcionárias) que a piscina não é lugar para fazer certas coisas? Ou vocês desconhecem que temos aqui na empresa gente de toda laia e de todas as classes sociais?”.

Recursos Humanos enviou sua última mensagem: “Cambada! Não vai ter mais festa nenhuma! Cada um que faça a sua festinha particular! Ou que não faça nada! Que vão todos para o inferno!”. Por causa dessa mensagem agressiva, o sindicato ingressou com ação de danos morais e materiais. A Justiça do Trabalho concedeu prontamente. 

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