Cenário: Sala de Atendimento Fiscal da Prefeitura. Personagens: Atendente e Cidadão.
Sobe o pano.
Atendente – Bom dia, em que posso servir?
Cidadão – Eu recebi esta conta de luz da minha casa e veio a cobrança de iluminação pública... está vendo aqui? Essa cobrança não foi cancelada pela Justiça?
Atendente – Esta não. A Justiça proibiu a cobrança da TIP e esta que o senhor recebeu é da COSIP.
Cidadão – Então, basta mudar de nome e passa a valer?
Atendente – Não senhor! A TIP era uma taxa e a COSIP é uma contribuição.
Cidadão – E qual é a diferença se o efeito é o mesmo?
Atendente – Bem, a taxa é um tributo que se cobra pelos serviços públicos personalizados e pelos serviços de fiscalização. A contribuição já é outro tipo de tributo, mais amplo, pode ser cobrado em cima de qualquer atividade, entendeu?
Cidadão – Mais ou menos... Então, o Governo pode criar contribuição para qualquer coisa?
Atendente – Exatamente, mas tem que constar na Constituição Federal. Se não estiver lá o Governo não pode cobrar.
Cidadão – E essa tal de COSIP está na Constituição?
Atendente – Está! O Congresso aprovou uma emenda na Constituição, depois que a TIP foi considerada ilegal.
Cidadão – Ah, estou entendendo... Como não podiam mais cobrar a TIP, inventaram a COSIP, é isso?
Atendente – É... É mais ou menos isso...
Cidadão – Bem, como o resultado é o mesmo, provavelmente a Justiça também vai proibir a COSIP, não é?
Atendente – Não senhor! O Supremo Tribunal Federal considerou a COSIP perfeitamente legal.
Cidadão – Por quê?
Atendente – Porque a COSIP está prevista na Constituição, com essa emenda...
Cidadão – Ora, dessa maneira qualquer tributo ilegal pode passar a ser legal... Basta enfiar na Constituição!
Atendente – Não é bem assim! Afinal, a Constituição diz que só o Governo Federal pode criar contribuições.
Cidadão – Mas essa COSIP não é municipal? Como foi que passou?
Atendente – Bem... Aí já não sei responder ao senhor... Coisa de política...
Cidadão – Meu Deus! Me diz uma coisa aqui entre nós... Podemos correr o risco de inventarem mais contribuições?
Atendente – Olha, aqui entre nós, já estão fofocando sobre a CPMF, o senhor leu nos jornais?
Cidadão – Isso mesmo! Eu li nos jornais... O senhor acha que vem mais coisa por aí?
Atendente – Olha, muito em particular, a taxa de limpeza pública foi considerada ilegal... Vai daí...
Desce o pano.
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