Enfim, estou farto de fórmulas,
fastio das fábulas,
do brilho dos rótulos,
do poder dos crápulas.
Do físico flácido,
do humor fúnebre,
do fogo fátuo,
do povo plácido.
Dos salmos e apóstolos,
galhardetes e flâmulas,
das festas típicas
e danças frenéticas.
Das citações bíblicas,
das crianças esquálidas,
das mudanças climáticas,
e das minhas amígdalas.
Estou farto do gozo trêmulo,
do amor utópico,
da receita médica
e do parecer técnico.
Do trabalho insípido,
da conduta ilícita,
das almas límpidas
do velho lúcido,
do alcoólico vômito.
Se farto de tudo só resta o próximo,
a repassar angústias,
a ludibriar o tédio,
a despir o hábito.